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Quando o tamanduá-da-soja torna-se um problema?

Quando o tamanduá-da-soja torna-se um problema?

O tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus) ou raspador é considerado um inseto de difícil controle e ganhou maior importância a partir da adoção do sistema plantio direto, fator que facilitou sua hibernação e posterior desenvolvimento enquanto larva no solo. Nas últimas décadas, uma série de estudos foram conduzidos, buscando medidas de manejo mais eficientes para o controle da praga. Com isso, ele foi perdendo espaço e importância dentre as principais pragas da cultura soja. Contudo, novos surtos regionalizados vêm causando preocupação entre os produtores do Rio Grande do Sul.

Para entender o seu ressurgimento, primeiramente devemos compreender seu ciclo biológico. As larvas ao saírem da planta de soja e dirigirem-se ao solo assumem a postura de hibernantes e permanecem assim até a primavera, na qual passam pela fase de pupa. Os adultos começam a emergir do solo em outubro e seguem até março com pico populacional de novembro a janeiro (Figura 1).

Figura 1

O tratamento de sementes é uma das ferramentas utilizadas para o controle da praga. Entretanto, as lavouras vêm sendo implantadas cada vez mais cedo no Estado, fazendo com que o efeito do tratamento de sementes não coincida com a época de maior incidência de adultos. O controle químico utilizado para lagartas tanto em soja convencional quanto intacta não favorece o controle de adultos do tamanduá. E devido à ampla janela de emergência de adultos do solo o controle específico demanda várias aplicações, o que favorece o aumento da população para o próximo ano devido às falhas de controle.

Outro fator está relacionado, principalmente, ao plantio soja sobre soja em áreas com alguma incidência do tamanduá. Essa prática favorece o aumento ano após ano da população do inseto. Uma solução, mas em desuso por diversos motivos, é o plantio de plantas não hospedeiras do inseto, como a rotação de culturas com uso do milho, milheto, girassol e sorgo, ou plantas usadas apenas para rotação, como crotalária juncea e mucuna preta, o que favorece a redução populacional da praga no local.

O tamanduá-da-soja é uma praga que estava esquecida, mas devido às mudanças de práticas de plantio, as populações têm aumentado e provocado preocupação entre produtores de soja. O manejo ideal contempla a associação de medidas, como o tratamento de sementes, o controle químico e a rotação de culturas, entre outras práticas.

Janine Palma
Eng. Agr. Dr. Pesquisadora do Setor de Entomologia da CCGL TEC, Cruz Alta/RS

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