Sistema de pulverização seletiva é uma aposta para um país no qual cresce a atuação do agronegócio e necessidade do uso consciente de defensivos agrícolas
De 1985 a 2022, houve crescimento de 50% na área destinada ao agronegócio no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Ao mesmo tempo, aumenta a necessidade, no caso da agricultura, do uso de herbicidas. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), plantas daninhas causam efeitos diretos na produção, como a interferência e perda de rendimento, além de maior custo para o produtor, dificuldade de colheita, queda na qualidade do produto, e hospedagem de pragas e doenças. Por isso, produtores têm investido no uso consciente de defensivos agrícolas. No Brasil, um sistema com Inteligência Artificial (IA) é capaz de reduzir os custos com herbicidas e garantir sustentabilidade com a análise de 3,3 milhões de imagens por hora.
Trata-se do Save Farm, produzido pela Eirene Solutions. É um sensor que realiza a leitura da área de cultivo para pulverização seletiva na agricultura. Com isso, a tecnologia pode reduzir os gastos com esses produtos em 75,4% em média, mas a empresa já registrou casos que chegam a 98% de economia no uso de defensivos agrícolas.
Como funciona
Com a integração de sensores, câmeras de alta resolução, IA e processamento de imagens, o SaveFarm pode ser instalado em qualquer tipo de pulverizador para tornar o trabalho no campo mais assertivo. A tecnologia funciona da seguinte forma: o sensor identifica as ervas daninhas em meio à plantação e indica locais em que a aplicação de defensivos agrícolas é necessária. A partir disso, o produto é liberado somente nas ervas daninhas. O sistema consegue captar 30 imagens por segundo, e analisa 27 milhões de pixels por segundo em cada máquina com a tecnologia.
De acordo com Eduardo Marckmann, CEO da empresa, a identificação de quais plantas precisam receber os produtos é feita por meio de parâmetros analisados pela IA.
“Os sensores capturam a morfologia da planta, as cores, o tamanho, comparam com solo, largura de plantio, realizam cálculos computacionais complexos, mas entregam de forma simples a informação para que qualquer operador consiga usar a ferramenta sem dificuldade”, explica.
O sistema é acoplado com suporte em inox com alta durabilidade. As câmeras são posicionadas a cada 1 metro de barra do pulverizador e controlam de 2 a 4 bicos de pulverização por câmera, em espaçamentos de 50cm, 35cm ou 25cm entre os bicos.
“Dentro da cabine da máquina agrícola, é instalada e configurada a tela de interface de controle, por meio da qual os operadores que estão no comando podem definir a taxa e o modo de aplicação do produto”, diz.
A tecnologia ainda possui o SaveCloud, uma inovação recém-integrada ao sistema, com o qual o trabalho de pulverização promete ser ainda mais certeiro. Isso acontece porque a novidade garante que a decisão sobre os trabalhos com herbicidas seja feita com base em dados.
“As principais vantagens de dispor da plataforma junto ao pulverizador é saber exatamente onde, quando e quanto o equipamento está aplicando e gerando economia, bem como dispor de mapas e relatórios que auxiliam no entendimento da dispersão de ervas daninhas nas áreas e das melhores estratégias de controle para que elas sejam contidas em meio à produção”, explica Marckmann.
Sustentabilidade
Um dos principais benefícios de utilizar a IA na precisão dos pulverizadores é a sustentabilidade ambiental. O sistema desenvolvido no Brasil, com a diminuição do uso de defensivos agrícolas, também reduz a necessidade do descarte de embalagens, além de demandar menor quantidade de água.
“Isso mostra a sustentabilidade tão necessária como compromisso das práticas agrícolas mais responsáveis, o que é uma demanda mundial”, comenta.
A tecnologia também necessita de menor queima de combustíveis.
“No uso de óleo diesel, a redução no consumo pode ficar entre 5 a 12 %. Essa economia é atribuída à capacidade de cobrir uma maior extensão de hectares por tanque de pulverização. Isso elimina a necessidade frequente de deslocamento até pontos de abastecimentos, o que possibilita mitigar os danos ao meio ambiente pela queima do combustível”, explica Marckmann.