Case Spodoptera frugiperda
Nesse melhoramento há vários pressupostos que devemos levar em consideração, o primeiro é não conhecer o alvo, o segundo é utilizar um único princípio ativo em todas as aplicações, o terceiro é ter baixa eficiência, o quarto é pulverizar entre as 10 e 16 horas do dia – com temperatura acima de 30°C e UR% < 40%, o quinto é utilizar biotecnologia não respeitando regras, o sexto é confiar em produto de cegonha (farinha), o sétimo é não ter conhecimento sobre, opinar e recomendar inseticidas. Além desses, outros pressupostos secundários podem ser elencados, contudo, meu objetivo não é aqui estabelecer um número.
O seu resultado é a seleção de indivíduos com maior tolerância ou resistência as moléculas e biotecnologias, com adequação a fenologia dos cultivos, com assincronia aos programas de manejo fitossanitário e a seleção de indivíduos com maior potencial biótico.
No manejo fitossanitário, constantemente estamos selecionando indivíduos, diferenciando-se do melhoramento, pois nossa ação é involuntária, onde ocorre o desenvolvimento de indivíduos com características indesejáveis.
>>Para saber mais sobre manejo acesse: Controle biológico para o manejo de doenças de solo
Embora indesejável, a seleção (melhoramento) da lagarta-do-cartucho do milho ocorreu na cultura da soja, passando a ser uma das principais pragas da cultura. Na safra passada, 2017/18, os maiores índices populacionais foram encontrados na fase vegetativa da cultura, já na 2018/19, além da fase vegetativa, sua ocorrência se estendeu até o estádio R6, fato que preocupa, muito em função de seus danos se estender a vagens.
Além das características como ciclo curto e potencial biótico elevado, a Spodoptera frugiperda possui adaptação às biotecnologias. Neste caso, as proteínas expressas – dependendo da variabilidade genética da população presente no ambiente – não possuem efeito na mortalidade de lagartas. Outro fator agravante desse inseto, são as mais de 300 espécies de plantas em que ela pode se desenvolver, ficando quase nula a opção de plantas que podem ser utilizadas para quebrar o seu ciclo e fluxo populacional.
10 dicas para um manejo de sucesso
Na cultura da soja alguns hábitos da Spodoptera frugiperda chamam a atenção: 1: Apresenta maior mobilidade no dossel vegetativo que as demais lagartas, estando mais exposta (terço mediano e superior da planta) a noite; 2: Em dia com baixa umidade relativa do ar e/ou horários mais quentes do dia, as lagartas têm por hábito buscar o solo, abrigando-se na palha ou se enterrando, mesmo quando o soja está totalmente fechado; 3: Embora tenha hábito canibal, na cultura da soja, este fica reduzido, havendo uma maior densidade populacional decorrente, o que gera uma maior taxa de desfolha.
Evitar a seleção de indivíduos é fundamental para o sucesso do manejo da Spodoptera frugiperda. Para isso, seguem quatro medidas: conhecer o alvo, fazer uso de ativos eficientes – rotacionando mecanismos, coincidir a aplicação no momento em que o alvo está exposto e fazer com que o ativo, em concentração suficiente, chegue ao alvo. Contudo, a mais importante, é aplicar o conhecimento no manejo.
Mauricio Pasini
Professor da Universidade de Cruz Alta, Coordenador da Área Experimental, Lab. de Entomologia e do Mestrado Profissional em Desenvolvimento Rural
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