Projeto Campo Futuro – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu dois painéis online do Projeto Campo Futuro. Os eventos levantaram os custos de produção de grãos, com produtores de Cruz Alta (RS), e de leite, na região de Miguel Calmon (BA), respectivamente.
No encontro realizado com agricultores gaúchos foram definidos os custos de produção de três culturas: soja, milho e trigo. A base para o cálculo foi uma propriedade de 600 hectares, 100 deles com irrigação, que representa o modal produtivo da região.
Segundo o assessor técnico da CNA, Thiago Rodrigues, o estado enfrentou problemas de seca e calor que afetaram a produtividade das culturas de sequeiro. O milho teve produtividade média de 60 sacas/ha, quando a expectativa inicial era de 180 sacas/ha. Na soja, a diferença também foi grande: de 60 sacas/ha esperadas para 32 colhidas, aproximadamente.
A baixa produtividade influenciou, ainda, no custo de produção. De acordo com Thiago, o valor subiu em média 30% em relação à safra anterior, analisando as três culturas pesquisadas. “O que contornou o prejuízo dos produtores foi a produção na área irrigada. Tanto o milho quanto a soja foram bem e isso viabilizou financeiramente as duas atividades. Na área de sequeiro, o produtor encontrou dificuldades com o fechamento das margens ao final”, afirmou ele.
Em Miguel Calmon (BA), a pesquisa foi baseada em propriedade com produção de, aproximadamente, 150 litros/dia e com 13 vacas em lactação.
Segundo o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Gabriel Oliveira, o Custo Operacional Efetivo (COE) da propriedade, ou seja, os desembolsos que o produtor tem mensalmente como gasto com ração, energia, mão de obra, medicamentos, representou 70% de toda receita com leite. Dentre esses gastos, o que mais impactou foi a alimentação, representando 40% de todo o COE.
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“Quando incluímos o gasto com depreciação e remuneração da mão de obra familiar, o custo ultrapassa a renda, mostrando que a curto prazo essa propriedade consegue arcar com as despesas, mas a médio e longo prazo esse produtor irá descapitalizar”, disse.
Rentabilidade – Na opinião do presidente do Sindicato Rural de Miguel Calmon, José Orlando Lima, o levantamento feito pelo projeto Campo Futuro é de extrema importância para os produtores identificarem gargalos e aumentarem a rentabilidade.
“Ainda temos espaço para crescer, mas só podemos atingir esse crescimento com apoio, assistência técnica e acompanhamento. Hoje, precisamos encarar a nossa propriedade como uma empresa”, declarou.
O produtor rural Adauto Liberato Neto também considera a iniciativa fundamental por promover o debate e a troca de informações sobre custos, gastos e formas de aumentar a produtividade e a eficiência na atividade.
“Mesmo a gente trabalhando e analisando a propriedade modal da região, isso serve como reflexão para entendermos e avaliarmos o nosso sistema produtivo. Acredito que isso é de suma importância para a gente estar debatendo quais são as nossas condições, as nossas realidades e para sempre poder melhorar”.
Os painéis também contaram com a participação de técnicos da CNA, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Ambos tiveram apoio da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), além dos sindicatos rurais de Cruz Alta e de Miguel Calmon.
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