Atividade de mapeamento de laboratórios e projetos é primeira etapa visando prospecção de pesquisa em conjunto
As instituições de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, abriram suas portas para o head de Inovação e CEO Latam do Instituto INNA ImC de inovação Israelense, Moshiko Frenkel, ao longo das últimas semanas, visando fomentar ações conjuntas entre Brasil e Israel para o desenvolvimento sustentável da agricultura, pecuária, economia agrícola, biologia, pesca, ciência e tecnologia de alimentos e zootecnia paulista.
Lideradas pela gestora dos ambientes de inovação da APTA e diretora do Instituto Biológico (IB-APTA), Ana Eugênia de Carvalho Campos, as visitas foram guiadas por diretores dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) das instituições de pesquisa, com participação ativa dos pesquisadores que são referência em áreas consideradas inovadoras de cada órgão.
“A ideia foi o representante da INNA ter um conhecimento melhor do que os institutos fazem e tentar reconhecer as possibilidades de parcerias que possam acontecer com o Ecossistema de inovação de Israel”, relata Ana Eugênia.
“Há a possibilidade do desenvolvimento conjunto de pesquisa e inovação, assim como levar alguma tecnologia, algo desenvolvido aqui que possa ser implementado no país e no mundo”, complementa.
A gestora conta que esse mapeamento surgiu a partir do protocolo de intenções voltado à parceria em pesquisa científica assinado entre a Secretaria e a INNA durante a Agrifutura – evento voltado à inovação no agro que aconteceu em março deste ano.
“Antes das visitas, fizemos uma rodada online envolvendo todos os institutos. Nessa primeira oportunidade, vários pesquisadores apresentaram o que fazem e, a partir daí, fizemos uma triagem daqueles ambientes que o Moshiko achou que teriam mais afinidade com as ações pretendidas na sequência”, explica Ana Eugênia.
O Instituto de Inovação Israelense INNA ImC, é uma instituição científica, tecnológica e de inovação (ICT), pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, e que tem dentre os seus propósitos o de desenvolver ações junto aos ecossistemas de inovação, através de programas e projetos de educação, qualificação, pesquisa e desenvolvimento, ciência e tecnologia, aceleração, gestão, fomento, ações e viagens de imersão, cursos, palestras, transferência de conhecimento e treinamentos.
O INNA foi idealizado na forma de ICT no Brasil no final de 2020 para estimular os ecossistemas regionais e locais a se transformarem em consonância a forma de desenvolvimento e inovação israelense. A partir de saberes diferenciados de seus associados nacionais e internacionais, o Instituto INNA ImC embasa a construção de dinâmicas que permitem a criação de ecossistemas dinâmicos, integrados, saudáveis, eficientes, inteligentes e principalmente, sustentáveis. A instituição conta com escritórios e agentes no Brasil, Israel e em outros países para as diversas ações que realiza.
Tecnologia de alimentos e sanidade animal e vegetal estiveram entre as pesquisas apresentadas
No Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital-APTA), em Campinas, a visita foi guiada pelo diretor do NIT da instituição, Tiago Dantas, e contemplou a planta de processamento do Centro de Tecnologia de Frutas e Hortaliças (Fruthotec), a Planta-Piloto de Processamento Térmico do Centro de Tecnologia de Laticínios e Bactérias Láticas (Tecnolat), o Laboratório de Embalagens de Transporte e Distribuição do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), o Laboratório de Biotecnologia e Cultura Celular do Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos (CCQA), o Laboratório de Teste de Desafio do Centro de Tecnologia de Carnes (CTC) e o Laboratório de Desenvolvimento e Caracterização de Partículas do Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolate (CCQA).
Apresentaram suas respectivas áreas, as pesquisadoras Silvia Moura, vice-diretora do Fruthotec, Maria Isabel Berto, responsável pela área de Engenharia de Processos do Tecnolat, Fabiana Galland, colaboradora do CCQA, Renata Bromberg, vice-diretora do CTC, e Carla Léa Vianna Cruz, diretora do Cereal Chocotec, além do próprio Tiago, que é pesquisador do Cetea. O encerramento da visita contou ainda com Valdecir Luccas, vice-diretor do Cereal Chocotec, e Eloísa Garcia, diretora-geral do Ital.
Já no IB, acompanhado também da diretora do NIT-IB, Eliana Scarcelli, Frenkel conheceu a Unidade Laboratorial de Referência em Biologia Molecular Aplicada, que pertence ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Sanidade Vegetal. Foram apresentadas pesquisas nas áreas de virologia de cana-de-açúcar, milho e citros, além dos estudos sobre o uso do fungo Trichoderma para o controle biológico de doenças de plantas. “O equipamento MALDI-TOF, recém-adquirido para a identificação rápida de microrganismos despertou o interesse do Sr. Moshiko, que vislumbrou a possibilidade do seu emprego em diversas atividades de pesquisa e prestação de serviço”, destacou o coordenador da ULR, Ricardo Harakava.
No Laboratório de Resíduo de Pesticidas, o representante do instituto de inovação israelense foi recebido por Sérgio Monteiro, diretor da unidade, que explicou todas as etapas pelas quais a amostra passa desde a entrada para análise até ser colocado no cromatógrafo de ultra alta performance acoplado ao espectrômetro de massa. Monteiro explicou que, após a análise, é emitido um certificado e que esse documento tem reconhecimento internacional, pois o LRP possui acreditação pela Norma ISO 17025. O representante demonstrou especial interesse na possibilidade de que empresas exportadoras de produtos agrícolas possam utilizar esse documento para obter uma espécie de “selo de qualidade”, onde os compradores externos poderiam se basear ao adquirir os produtos.
Na sequência, Frenkel foi ao Laboratório de Viroses de Bovídeos, que atua na análise de sêmen e embriões bovinos, garantindo a qualidade sanitária dos reprodutores e dos materiais genéticos produzidos. É uma vantagem contar com uma única Instituição para realizar todos os exames necessários para atender os protocolos sanitários exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pelos países importadores, afirmou Líria Okuda, diretora da unidade. “A visita do sr. Moshiko foi muito produtiva, no sentido de conhecer o trabalho que é realizado pelo Laboratório em prol da cadeia produtiva animal, tanto na pesquisa como na prestação de serviços na área de sanidade”, concluiu a pesquisadora.
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Ricardo Jordão, responsável técnico pelos laboratórios de Produção e de Inovação em Produtos Imunobiológicos, apresentou as instalações — que atualmente estão passando por obras de modernização –, e informou que as unidades são estratégicas para a produção de kits diagnósticos de vacinas. De acordo com o pesquisador, esse tipo de intercâmbio é importante para o surgimento de novas parcerias. “Nós temos a possibilidade de oxigenar nossas ideias, surgem novos projetos, muitos dos quais nem estão dentro da nossa linha de pesquisa, mas nós conseguimos perceber um ponto específico onde podemos contribuir ou receber contribuição”, destacou Jordão.
Na visita ao Centro Avançado de P&D em Sanidade Agropecuária (CAPSA), em Campinas, Moshiko foi recepcionado pelo diretor da unidade, Claudio Marcelo Oliveira, e por uma equipe de pesquisadores dos laboratórios especializados em ácaros, insetos, doenças causadas por fungos e bactérias, nematoides, controle biológico e plantas daninhas. Durante a visita, teve a oportunidade de conhecer os projetos de pesquisa relacionados às tecnologias de controle de doenças e pragas, com ênfase nas atividades promotoras de sustentabilidade e técnicas de produção de bioinseticidas.
Em ronda pelas cidades, representante obteve um panorama da diversidade da ciência do agro paulista
No Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), em Nova Odessa, o head da INNA visitou, acompanhado do diretor do NIT-IZ, Waldssimiler Mattos, e do diretor-substituto do Instituto, Aníbal Vercesi Filho, a Unidade de Pesquisa em Forragicultura e Pastagens; a Unidade de Eficiência Alimentar em Ovinos; o trailer do Laboratório Móvel de Análise da Qualidade do Leite; e os Laboratórios de Aves e Ovos, Genética e Biotecnologia, Parasitologia, e Bromatologia e Minerais. Por fim, realizou reunião com diretores dos Centros e assessores.
Em São José do Rio Preto, o representante do instituto de inovação israelense, guiado pelo diretor do NIT-IP, Marcelo Ricardo de Souza, teve a oportunidade de conhecer o Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, do Instituto de Pesca (IP-APTA). Na ocasião, falou a respeito de sua impressão sobre o Centro e o potencial de algumas pesquisas que conheceu.
“Na minha percepção durante estas visitas e acompanhamento aos laboratórios e pesquisadores, entendo que o Brasil deve reconhecer os benefícios que o IP trouxe até agora para a toda a indústria e cadeia do pescado e investir ainda mais no Instituto e em seus pesquisadores e estrutura, porque este é o trampolim para o futuro”, enfatizou Frenkel.
O head da INNA teve a oportunidade de participar ainda de evento voltado ao setor de pesca e aquicultura que acontecia na cidade (a Aquishow), onde se encontrou com o coordenador da APTA, Sergio Tutui, e entrou em contato com algumas das maiores inovações voltadas ao segmento no país. Em sua avaliação, foi possível identificar “sinergias” com outras pesquisas que estão sendo realizadas em áreas complementares da ciência paulista, brasileira e israelense. “Vale a pena integrar e tracionar, para que o mercado local, nacional e global possa se beneficiar como um todo”, pontuou.
No Instituto Agronômico (IAC-APTA), em Campinas, a visita foi acompanhada pela diretora-substituta do Instituto, Regina Célia Pires, pela diretora do NIT-IAC, Lilian Anefalos, pela diretora do Centro de Programação de Pesquisa, Alessandra Della Coletta, pelo diretor do Núcleo de Serviços e Insumos Tecnológicos do NIT-IAC, Ricardo Baldassin Junior, além da diretora do NIT-IB.
Durante o encontro foram apresentadas as principais áreas de atuação e inovações tecnológicas do IAC, com foco em sustentabilidade e uso racional da água. Posteriormente, houve a visitação pelas instalações da sede, inclusive com a oportunidade de interagir com alguns participantes de evento sobre urban farming, coordenado pelo IAC, que ocorria no momento.
Na visita ao Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), o representante da INNA pode conhecer as dependências do Instituto, que funciona no prédio da SAA, na capital paulista. Frenkel foi recebido pelo diretor-geral, Celso Vegro, e pelo diretor do NIT-IEA, Carlos Nabil Ghobril, que lhe apresentaram os funcionários do IEA e os programas que o Instituto tem desenvolvido ao longo dos anos. Foi possível conhecer os Centros de Pesquisa de Estudos Econômicos dos Agronegócios, liderado pela pesquisadora Soraia Ramos, e de Informações Estatísticas dos Agronegócios, sob tutela de Felipe Camargo e Danton Bini.
Finalizando as atividades de mapeamento, Frenkel e Ana Eugênia participaram de uma reunião virtual com representantes de três Unidades da APTA Regional – Colina, Piracicaba e Pariquera-Açu. Nas conversas, foi possível conhecer um pouco da estrutura disponível em cada cidade e as principais linhas de pesquisa desenvolvidas, sempre com foco nos potenciais de sinergia e alavancagem com base nos ecossistemas de inovação do Brasil, de Israel e do mundo.
Segundo observou Moshiko, existe ainda no Brasil um gap muito grande entre a pesquisa e o mercado. De acordo com ele, é preciso encontrar novos meios de aproximar as pesquisas do mercado, na forma de produtos e serviços que beneficiem toda a cadeia e a indústria da agricultura, pecuária e pescado, com ganho de valor para toda a sociedade, com geração de empregos, educação, aumento no IDH, e maior igualdade social, sendo esta uma meta conjunta.
Com o maior conhecimento sobre as atividades e os pesquisadores da APTA, a gestora dos ambientes de inovação da APTA conta que o head da INNA já conseguiu identificar alguns setores onde será possível dar os próximos passos. Segundo ela, conforme o relacionamento evolui, a ideia é fazer termos de cooperação específicos para as diferentes áreas de pesquisa. Além disso, dentre as atividades propostas, está uma visita técnica a Israel, que ainda precisará ser estruturada, mas constituirá uma oportunidade relevante de intercâmbio de conhecimentos com o país. “Gostaríamos de levar representantes dos NITs e cogitamos abrir também para a iniciativa privada que tenha interesse em conhecer as instituições e empresas israelenses”, finaliza Ana Eugênia.
POR ASSESSORIA