Safra 2022/2023: resultados sumarizados dos ensaios cooperativos
A ferrugem-asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é uma das doenças mais severas que incide na cultura da soja, com danos variando de 10% a 90% nas diversas regiões geográficas onde foi relatada. Os sintomas iniciais da doença são pequenas lesões foliares, de coloração castanha a marrom-escura.
A publicação da Embrapa tem como objetivo apresentar os resultados sumarizados dos experimentos cooperativos, realizados na safra 2022/2023, para o controle da ferrugem-asiática da soja.
Na face inferior da folha, pode-se observar urédias que se rompem e liberam os uredosporos. Plantas severamente infectadas apresentam desfolha precoce, que compromete a formação, o enchimento de vagens e o peso final do grão.
As estratégias de manejo recomendadas no Brasil, para essa doença, incluem:
- a ausência da semeadura de soja e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra por meio do vazio sanitário para redução do inóculo do fungo;
- a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada como estratégia de escape da doença;
- a utilização de cultivares com genes de resistência, o monitoramento da lavoura desde o seu início de desenvolvimento para definir o melhor momento do controle químico;
- a utilização de fungicidas preventivamente ou no aparecimento dos sintomas e a definição de janelas de semeaduras para reduzir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra e com isso tentar atrasar a seleção de populações do fungo resistentes ou menos sensíveis aos fungicidas.
A menor sensibilidade do fungo P. pachyrhizi aos fungicidas do grupo dos inibidores da desmetilação (IDM – triazóis), inibidores da quinona externa (IQe – estrobilurinas) e inibidores da succinato desidrogenase (ISDH- carboxamidas) já foi relatada no Brasil sendo esses os três principais grupos sítio-específicos que compõem todos os fungicidas registrados em uso para o controle da doença.
Últimas safras
Nas últimas safras, mudanças de sensibilidade do fungo P. pachyrhizi aos IDM têm sido observadas, influenciando o controle com protioconazol e tebuconazol, sendo atribuídas a novas mutações como a V130A, além das já descritas anteriormente F120L, Y131H/F, I45F, K142R, I475T . A presença de novas mutações e
a variação de eficiência dos fungicidas desse grupo entre locais reforça a necessidade de rotação desses dois ingredientes ativos em programas de controle da ferrugem-asiática.
Experimentos em rede vêm sendo realizados desde a safra 2003/2004 para a comparação da eficiência de fungicidas registrados e em fase de registro para o controle da ferrugem-asiática. Nesses experimentos, os fungicidas são avaliados individualmente, em aplicações sequenciais, em semeaduras tardias, para determinar a eficiência de controle.
Essas informações devem ser utilizadas na determinação de programas de controle, priorizando sempre a rotação de fungicidas com diferentes modos de ação e adequando os programas à época de semeadura. Aplicações sequenciais e de forma curativa devem ser evitadas para diminuir a pressão de seleção de resistência do fungo aos fungicidas.
A adoção do vazio sanitário tem contribuído no atraso da incidência do fungo nas lavouras de soja no Brasil, com os primeiros relatos no site do Consórcio Antiferrugem nos últimos anos nos meses de novembro, dezembro e em alguns estados somente em janeiro, evidenciando o escape da doença para as primeiras semeaduras.
Por essa razão, os experimentos de ferrugem-asiática são realizados nas semeaduras tardias, a partir de novembro, para garantir a presença da doença, ressaltando que essa não é a situação de muitas lavouras no Brasil que têm apresentado escape da doença ou incidência tardia pela época de semeadura.