Foco deve estar na qualidade do produto e, também, na gestão das empresas, destaca especialista em novo módulo da Academia Abrass
Um olhar criterioso para a semente e outro, cada vez mais, na matriz financeira dos negócios. O dia a dia da gestão de uma indústria de sementes também envolve controle de custos, de despesas e a busca por soluções para ampliar a lucratividade sem onerar demasiadamente o cliente, o produtor rural. Em tempos de alta de insumos e tantas variáveis que influenciam a produtividade colhida pelo sojicultor, empresas do setor sementeiro buscam na qualificação profissional a chave para o amadurecimento dos negócios.
O especialista em finanças corporativas Gabriel Vieira observa que há conceitos que, embora pareçam consolidados na rotina diária de transações financeiras e operações de produção de uma empresa, podem ser por vezes mal compreendidos e até mesmo classificados erroneamente no balanço financeiro de determinada organização. Por isso, balanço patrimonial, demonstração de resultado, fluxo de caixa operacional e autofinanciamento, margem de contribuição, controle preciso e tipos de estrutura financeira do negócio são pilares financeiros que devem ser estudados com atenção, fortalecendo os times financeiros e a alta gestão das empresas.
O tema foi evidenciado entre profissionais de indústrias de sementes instaladas em diversas partes do país, reunidas no mais novo módulo da Academia Abrass. O projeto é uma realização da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (ABRASS), com o apoio da multinacional Bayer e curadoria de conteúdos da MPrado.
O caminho de aprimoramento das finanças corporativas exige técnica e observação do negócio. Rafael Baleche, gerente administrativo da Bela Sementes, lembra que foi assim que alguns insights importantes melhoraram a relação entre equipes de vendas e financeiro, benefício ao negócio como um todo. “Nós percebemos no caminhar da gestão, por exemplo, que estávamos deixando de lado alguns pontos importantes, como a depreciação. Ela já me mostra antecipadamente o impacto nas despesas e investimentos que precisarão ser feitos lá na frente, então, por que vamos ignorar ela? Tivemos essa sacada em conjunto”, compartilha o aluno da Academia Abrass.
Facilitador do módulo, Gabriel Vieira lembra que cada negócio tem formas próprias de gestão e se atém mais profundamente a determinado indicador financeiro como ícone de sucesso. Contudo, quanto mais atenta a um maior número de indicadores financeiros uma organização está, mais chances de êxito e perenidade terá, indicam os especialistas. “Os indicadores financeiros são vários. Entre eles está, por exemplo, os de alavancagem financeira, e nesse conjunto há uma pergunta importante ao negócio: o que podemos fazer em nossa empresa para reduzir juros e aumentar a geração de caixa?”.
O módulo contou com a aplicação de exercícios práticos e enquetes, junto de dinâmicas em grupos online, oportunizando trocas e ampliando a aprendizagem coletiva. As abordagens contemplaram, inclusive, esclarecimentos sobre algo inerente aos objetivos de toda empresa inserida no livre mercado: o lucro. “Lucro é uma fonte, uma origem não-circulante. E mais: sócio não faz parte do negócio. Quem faz é fornecedor, cliente, colaborador. Por isso, lucros acumulados e lucros a distribuir fazem parte da liquidez do negócio, e devem ser vistos como uma obrigação”, alerta Vieira.
Lições partilhadas, o próximo passo é multiplicar dentro das empresas. Deliane Lemes, supervisora administrativa da Agrex Sementes, conta que a simplicidade e clareza nas exposições fazem a diferença na retenção dos conteúdos aplicados. “Tenho gratidão por participar desse módulo, que foi excelente, muito agregador em conhecimento. Tivemos clareza e tranquilidade na abordagem de um tema que não deixa de ser complexo. Precisamos dessa simplicidade e clareza na nossa área e tivemos isso no curso, junto de uma sinergia e integração de todos que estavam presentes. A Academia Abrass está de parabéns!”.
Reorganização das contas – As lições nesta rodada da Academia Abrass se basearam no chamado Modelo Fleuriet, cunhado pelo francês de mesmo nome. Reconhecido mundialmente, é utilizado para avaliação da liquidez e estrutura de financiamento e é um importante instrumento de análise para tomada de decisões financeiras. O Modelo Fleuriet é baseado em avaliações dinâmicas do comportamento dos elementos patrimoniais de curto prazo e recomenda, como premissa, a reorganização das contas do balanço patrimonial e de outros relatórios contábeis para um formato que favorece a rápida visualização da saúde financeira da empresa.