Variação dos preços das commodities nesta semana – A semana de 18/05/2020 a 22/05/2020 iniciou estável com relação aos preços pagos pelas sacas das commodities, apresentando pequenas alterações, ou seja, leves quedas nos preços pagos pela saca de soja.
Ainda durante toda a semana, aconteceu o monitoramento com relação ao plantio da nova safra América, a qual segue em ritmo acelerado em comparação com a safra anterior. Tal agilidade busca diminuir a ocorrência de problemas climáticos durante os estágios da colheita, tais como geadas e neve, trazendo uma janela mais tranquila para o desenvolvimento das lavouras.
Com a janela maior para a semeadura, há a possibilidade que sejam plantadas áreas que não seria inicialmente utilizada, o que conforme o USDA tende aumentar a projeção dos resultados da Safra Americana.
Com relação ao dólar, esse já fechou a segunda-feira, em queda de 2%, que refletiu diretamente na perda de valor da saca de soja, que em alguns portos, caiu aproximadamente R$ 2,00 por saca. A queda da moeda manteve, com pequenas oscilações durante toda a semana.
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No entanto, o cenário teve mudanças mais significativas na quinta-feira, quando a previsão de uma expressiva safra americana, com uma robusta oferta de grão, a partir da região do Cinturão agrícola, pressionou a queda das cotações junto a bolsa de Chicago.
A qual já estava sentindo os efeitos com a volta dos patamares do estoque do etanol e da expectativa de que lentamente, a demanda doméstica do milho nos EUA volte a crescer. Tudo isso, somado a calmaria do cenário político, aos indícios de que a China passará por uma repressão iminente à dissidência em Hong Kong e lançará uma proposta preliminar de uma nova lei de segurança para a Região Autônoma Especial. E o fato de que Pequim, abandonou sua meta oficial de crescimento do Produto Interno Bruto pela primeira vez em 30 anos. Fechamos a semana com o Dólar em queda e as cotações da saca de soja em declínio, voltando os valores pagos abaixo da casa dos R$100,00.
Considero pertinente frisar aqui, que era previsto uma resposta do mercado, a fim de equilibrar os preços, logo após a soja atingir valores tão significativos, e que me permito arriscar em dizer: já tivemos os melhores preços pagos pela saca de soja do ano, visto que estamos percebendo a queda deste. Porém me arrisco a dar pitaco em outro questionamento: Os preços vão cair/reduzir significativamente nos próximos dias? Tomando como base o fato que o Brasil já teve resultados recordes neste ano quanto a soja, com o embarque de 50 milhões de toneladas de janeiro a abril, contra 37 milhões do mesmo período do ano passado. E ao fato de que, a comercialização da safra brasileira de soja 2019/20, já alcançou 80,6% da produção esperada até o dia 8 de maio.
Com relação à venda antecipada da safra de 2020/2021, já se tem comercializado 28,2% da produção esperada. Tais resultados estão atrelados pelo efeito do câmbio sobre os preços, estando acima da média dos últimos cinco anos, que foi de 6,7% no período. Um novo recorde, superando o melhor resultado obtido em 2016, quando no período já tinha se comercializado 12%.
Logo, acredito que teremos sim quedas nos preços, já que entendo que a situação “ótima” já passou. Assim os preços devem voltar a operar na casa do R$ 90,00/saca nos próximos dias. No entanto, também não acredito que teremos quedas gritantes, ou seja, voltar rapidamente valoração da saca para preços na escala dos R$ 70,00.
Assim junto as principais cerealistas da região noroeste/RS, o preço pago pela saca de soja, durante essa semana, está descrito junto ao Gráfico 01.
Com relação ao Milho, o preço pago pela saca manteve-se estável e similar a semana anterior. A justificativa para tal cenário, mantém-se ligada ao contexto da pandemia da Covid-19, e lenta recuperação do etanol americano e a queda da demanda de carne (tanto suína, bovina e de frango).
Com relação ao Trigo, o cenário está similar ao do Milho, sendo que os preços também se mantiveram durante toda a semana – e repetindo os valores da semana anterior.
Vale lembrar que a região Sul do país e parte de São Paulo já deram início ao plantio do trigo, o qual segue a tendência de crescimento motivado pelo preço da Saca. Uma notícia que animou produtores, visto que tende a repercutir na manutenção dos preços pagos até o quarto trimestre do ano, é o fato de que devido a situação econômica da Argentina tende-se a criar barreiras que vão dificultar as importações de trigo pelo Brasil.
Com vistas a conter a inflação, o governo argentino tem priorizado o atendimento da demanda interna em detrimento das exportações. O que abria espaço para maior absorção da produção interna e a manutenção e quiçá dos valores pagos pela saca. Logo, o Quadro 01 retrata tal cenário, da manutenção das médias.
Enfim, em meio a tantas informações, sempre é bom lembrar que tanto a prática de compra e comercialização, são cruciais para garantir uma boa margem de rentabilidade para a propriedade Rural.
Ou seja, é vital cercear-se de todas as informações que possam facilitar tais ações. Porém deter essas não irá dar 100% de chance de cometer algum erro, mas ignorar elas e caminhar vendado em um penhasco.
Graduada em Administração pela UNICRUZ, Mestre em Administração pela UFSM, Doutoranda em Agronegócio pela UFRGS e Professora do Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos.
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