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Embrapa e CropLife Brasil unem-se para pesquisa sobre os enfezamentos e manejo da cigarrinha-do-milho

Embrapa e CropLife Brasil unem-se para pesquisa sobre os enfezamentos e manejo da cigarrinha-do-milho

POR ASSESSORIA

Instituições aportarão investimento de R$ 7 milhões em três anos

Com o objetivo de desenvolver estudos aplicados para subsidiar estratégias de manejo de alta incidência de danos causados por enfezamentos e promover o manejo integrado da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), em áreas de produção de sementes e de grãos de milho, a Embrapa e a CropLife Brasil acabam de anunciar um acordo de cooperação técnica, durante o evento de celebração do 49º aniversário da empresa, realizado no dia 27/04/2022 em sua sede em Brasília (DF).

Em 2021, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) atingiu R$ 1,129 trilhão, com destaque para os resultados nas lavouras milho (R$ 125,2 bilhões), dando conta da importância econômica do cultivo para o Brasil (MAPA, 2022)[1]. O aumento da produção de milho, para atender à crescente demanda por esse cereal, bem como as condições ambientais que permitem o cultivo de duas ou mais safras da mesma cultura em várias regiões do Brasil, contribuem para a presença de plantas de milho no campo o ano inteiro, seja cultivado ou tiguera, e criando um ambiente favorável para o aumento da população de cigarrinha-do-milho e, consequentemente, do complexo de enfezamentos.
 

De acordo com a Embrapa[2], o complexo de enfezamentos afeta o desenvolvimento das plantas de milho e pode causar perdas de 70% na produção da lavoura doente. A ocorrência dos enfezamentos e os níveis populacionais da cigarrinha-do-milho vem aumentando em diversos estados do Brasil, principalmente a partir da safra 2015/2016, com surtos maiores identificados em regiões agrícolas localizadas na Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e no Paraná.
 

A cigarrinha-do-milho é responsável pela transmissão de molicutes (Spiroplasma kunkelli – enfezamento pálido – e Fitoplasma — Maize bushy stunt phytoplasma – enfezamento vermelho) e vírus da risca do milho (Maize Rayado Fino Virus – MRFV). Embora a ocorrência dos enfezamentos e da cigarrinha-do-milho não seja uma novidade para os agricultores, o aumento da abrangência geográfica e a dimensão das perdas são preocupantes, exigindo um nível maior de conhecimento sobre o problema, para melhorar as ações de difusão de tecnologia e a adoção de boas práticas agrícolas.

 Para Celso Moretti, presidente da Embrapa, “o projeto reforça o compromisso da Embrapa no estabelecimento de parcerias com o setor privado para a resolução de problemas de grande impacto para o agro brasileiro com base em sinergia de investimentos público-privados, aumentando a eficiência, eficácia e a efetividade do processo de inovação no campo”.
 

O plano de trabalho da Embrapa com a CropLife Brasil prevê a realização de vinte atividades de pesquisa e desenvolvimento de novos estudos, como a criação de uma ampla rede nacional de monitoramento; a avaliação da eficiência de inseticidas químicos e biológicos para o controle da cigarrinha-do-milho; a determinação da estabilidade da resistência de genótipos de milho aos enfezamentos; o desenvolvimento de testes rápidos e mais econômicos para detecção de molicutes na cigarrinha-do-milho; assim como a organização de eventos técnicos para difusão de conhecimentos. O projeto também prevê a realização de diversos estudos para cobrir lacunas de conhecimento em relação ao patossistema, enfezamentos, cigarrinhas e plantas de milho. A coordenação ficará a cargo da Embrapa Cerrados (DF), com participação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) e da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).

Quatorze empresas associadas da CropLife Brasil, das áreas de biotecnologia, sementes, defensivos químicos, produtos biológicos e biotecnologia, se uniram para patrocinar o projeto: Basf, Bayer, Corteva, FMC, Helix, ISK, Koppert, KWS, LongPing, Limagrain, Ourofino, Simbiose, Sumitomo e Syngenta. Para Christian Lohbauer, presidente executivo da entidade, a parceria com a Embrapa vai priorizar a pesquisa aplicada e aprofundar os conhecimentos sobre as medidas de controle dos enfezamentos, além de acelerar a disseminação de boas práticas agronômicas. “A expansão das áreas plantadas e os crescentes problemas fitossanitários no milho exigem que um conjunto de ações sejam adotadas pela cadeia produtiva, inclusive, o desenvolvimento de políticas públicas para disciplinar a implementação de boas práticas agrícolas”, explica Lohbauer.

BOAS PRÁTICAS PARA O MANEJO

Nenhuma medida tomada de forma isolada é eficaz no manejo dos enfezamentos, uma vez que a gravidade destas doenças é o resultado da interação entre o inseto-vetor (D. maidis), os patógenos (espiroplasma e fitoplasma) e a planta hospedeira (milho).

Por se tratar de doenças que se disseminam por meio de um inseto-vetor não é possível determinar o nível de dano econômico, pois a severidade da doença vai depender de quantas cigarrinhas são portadoras dos molicutes em uma população e não necessariamente do tamanho da população de cigarrinhas. Assim, a decisão (reativa) em controlar o inseto-vetor é, atualmente, tomada com base na presença ou ausência. As medidas de manejo preventivas são as mais recomendadas, visando a redução da população da cigarrinha e das fontes de inóculo dos molicutes (disponibilidade de milho ao longo do tempo).

Enquanto novas pesquisas avançam, a Embrapa e a CropLife Brasil listaram 10 medidas que devem ser adotadas para reduzir a população da cigarrinha-do-milho, a multiplicação dos molicutes e minimizar os riscos de alta incidência dos enfezamentos nas propriedades e em nível regional.

  1. Elimine o milho voluntário (tiguera) e mantenha o campo sem plantas daninhas;
  2. Não semeie milho ao lado de lavouras adultas apresentando sintomas de enfezamento;
  3. Use cultivares com maior tolerância genética aos enfezamentos;
  4. Use sementes certificadas e tratadas com inseticidas registrados;
  5. Sincronize o período de semeadura no início da época recomendada na região;
  6. Monitore a presença da cigarrinha entre as fases VE-V8 e aplique inseticidas registrados para reduzir ao máximo a população do vetor;
  7. Rotacione os modos de ação para evitar resistência da cigarrinha a inseticidas;
  8. Controle a qualidade da colheita e evite a perda de espigas e grãos;
  9. Transporte corretamente o milho colhido e evite a perda de grãos nas estradas;
  10. Faça rotação de cultivos e evite a semeadura sucessiva de gramíneas.
     

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