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Inverno como ferramenta de manejo de insetos-praga

Inverno como ferramenta de manejo de insetos-praga

Estados com latitudes maiores possuem uma ferramenta de grande valia como estratégia de manejo de insetos-praga.

Há uma regra associada a agrometeorologia, de que quanto maior for a latitude de determinado ponto geográfico, maior é: a variação do fotoperíodo, a variação da quantidade de radiação que chega sobre a superfície e, consequentemente, a variação de temperatura durante o ano.

Nesse processo, o hemisfério sul – devido ao ângulo de declinação solar – passa a ter uma menor temperatura em virtude da menor quantidade de radiação, decorrente do menor fotoperíodo, nos meses de junho, julho e agosto.

Outra regra importante, associada aos insetos, é a variável temperatura, que influencia diretamente a atividade metabólica do inseto.

Em temperaturas inferiores a 15°C eles reduzem sua mobilidade, inferiores a 5°C passa a ficar imóveis e em temperaturas ≤ a 0°C entram em colapso estrutural e morrem.

Nesse processo, o inverso é válido, pois quanto maior for a temperatura do ambiente, maior é a sua atividade metabólica e, portanto, maior será a sua capacidade de geração de danos em plantas cultivadas.

Melhoramento de insetos-praga – Case Spodoptera frugiperda

Contudo, há um ponto nesse aumento de temperatura que a partir do qual o inseto começa a sofrer o efeito das temperaturas elevadas, evoluindo para colapso e morte.

Como plantas, todo o inseto possui um ótimo de temperatura, dentro do qual suas atividades metabólicas estão associadas a eficiência de como ele utiliza seu meio, os limites dessas temperaturas ótimas, passam a afetar seu metabolismo e os extremos promovem a morte.

No manejo de insetos-praga, temperaturas extremas passam a ser interessantes, principalmente as temperaturas frias, as quais podem impactar em redução das densidades populacionais e consequentemente nas populações de insetos que irão atacar culturas como trigo, soja e milho.

Grande parte dos insetos que causam danos econômicos aos cultivos, a partir da diminuição das temperaturas, passa a buscar abrigo durante o período de baixas temperaturas.

Percevejos, na maioria dos casos, procuram plantas da bordadura da lavoura, resíduos culturais ou base de plantas, já lagartas, enterram-se em profundidades de 5 a 10 centímetros, e passam para a fase de pupa, onde permanecem até a temperatura do solo aumentar.

10 dicas para um manejo de sucesso

Os abrigos, ou hospedeiros de insetos, apresentam temperaturas superiores as do ambiente, em média, superior a 2°C, o que muitas vezes, embora tenha temperaturas negativas nas partes externas, internamente no abrigo não ocorre, permanecendo o inseto com suas funções vitais não colapsadas.

A morte dos insetos nos abrigos só irá ocorrer se tivermos temperaturas baixas por um período significativo, inferiores a 0°C. Em invernos onde isso não ocorre, passamos a perder o efeito natural na mortandade de insetos-praga, o que resulta em maiores densidades populacionais e em um maior uso de ativos para o manejo das lavouras durante o verão.

O que desejamos, quando o assunto é insetos-praga, é um inverno com elevada intensidade de frio. E isso não teremos em 2019, logo, nossas medidas de supressão populacional deverão ser mais intensas, precisas e acuradas. 

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Mauricio Pasini
Professor da Universidade de Cruz Alta, Coordenador da Área Experimental, Lab. de Entomologia e do Mestrado Profissional em Desenvolvimento Rural

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