Mercado da proteína foi avaliado em US$ 254,53 bilhões em 2022
O Dia do Suinocultor foi marcado por desafios no setor. Dentre as questões que envolvem a produção, estão a alimentação dos suínos, com uma redução significativa do preço da ração, mas com novos conflitos internacionais, o produtor ainda pode ver os custos permanecerem elevados. No segmento, a China segue sendo a principal importadora do alimento brasileiro, com cerca de 214,4 mil toneladas no primeiro semestre de 2023.
Para Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada em comércio exterior, a suinocultura está ligada diretamente a questões internacionais: “com a queda do valor dos combustíveis, por exemplo, influenciada pela valorização do real, o suinocultor terá uma diminuição nos custos totais de produção, ao mesmo tempo em que vemos um cenário onde os preços do farelo de milho e soja podem ter aumentos internacionais, principalmente provocados pelo conflito na Ucrânia”, analisa o executivo.
Com o país ganhando espaços de concorrentes do mercado global e os avanços de venda para a China, as exportações de carne suína entre os períodos de janeiro e junho tiveram um aumento de 15,6%, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
“A carne suína é consumida mundialmente e acredito em uma ampliação do setor ainda em 2023”, afirma Pizzamiglio, que lembra que o mercado global desta proteína foi avaliado em US$ 254,53 bilhões em 2022. Apenas no mês de julho, os embarques de carne suína brasileira tiveram o melhor resultado de 2023, com 108,6 mil toneladas e um ganho de aproximadamente US$ 264,3 milhões”.
“Outro desafio enfrentado pelo suinocultor internacionalmente é o valor dos produtos. Com um custo de produção que ainda enfrenta algumas elevações e um número significativo quando tratamos de oferta internacional, a lucratividade do segmento tem registrado queda”, explica. Segundo a Associação Brasileira dos Criadores Suínos, que representa a categoria, em fevereiro deste ano foram registrados números que apontam que produtores chegaram a ganhar apenas R$ 8,00 por quilograma, antes mesmo das quedas dos preços para os consumidores, em março e abril.
Para Fábio Pizzamiglio, os produtores da suinocultura devem buscar formas de isenção e de diminuição dos custos de produtividade para ampliar a margem de lucros sobre a venda da proteína.
“Existem mecanismos de isenção no comércio exterior que podem auxiliar na diminuição de custos da produção de forma geral, até mesmo o drawback é uma solução ideal para esse segmento. Mas é necessária uma análise clara dos objetivos do produtor, principalmente quando tratamos da exportação do produto final”.
O cenário é de observação e os suinocultores precisam estar atentos ao mercado externo. Com as recentes notícias sobre o conflito militar na Europa, os preços dos grãos podem aumentar, tal como os dos combustíveis fósseis, o que pode elevarainda mais os custos para o produtor.
“Os impactos das atuais tensões relacionadas a Rússia e Ucrânia, principalmente com o fim do acordo no Mar Negro, não afetam diretamente o Brasil e são uma oportunidade para a nossa produção de grãos. Porém, com aumento da demanda externa, podemos ver o preço da ração subindo conforme o mercado para os farelos se expande internacionalmente”, finaliza.