Chegamos na terceira semana de junho de 2020, e o pensamento que não sai da mente é que: “ Nada do que foi será, igual ao que vimos a um segundo” (Lulu Santos). E o meu pensamento é baseado em fatos que podem ser claramente visto no Gráfico 01. Em quinze dias, o preço pago pela saca de soja (preço de balcão) pulou de no máximo R$ 96,00/Sc para R$ 102,50/Sc.
Gráfico 01: Oscilações do preço pago pela saca de soja, junto as principais cooperativas da região Noroeste/RS.
A explicação para tais altas não é algo simples, pois percorre os cenários: Econômico, social, político e da pandemia. Logo deve ser interpretado olhando para os seguintes pontos:
Ponto 1: Alta do dólar ante o real, que tende a estimular as vendas externas brasileiras. Voltou-se rapidamente a Cotação do dólar para a escala dos R$ 5,00, inclusive se aproximando dos R$ 5,50;
Ponto 2: A China manteve a constância de compra de Soja (Grão e farelo) nas últimas semanas, indicando que tende a manter o comercial histórico com os Estados Unidos. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) anunciou vendas externas de mais de 1,2 milhão de toneladas de soja. Desse montante, mais de 1 milhão de toneladas foram para a China.
Ponto 3: EUA terão uma supersafra de soja, pois conforme o USDA. 72% da safra de soja apresentou condição boa ou excelente até o último domingo, sem variação ante a semana anterior, o que projeta altos índices de produtividade.
Ponto 4: O Brasil está vivendo um momento muito delicado em diversos setores, mas especialmente no enfrentamento do Covid–19, com discordâncias e o vírus se instalando em passos largos. E com cenário político em crise, a imagem do país para investidores externos só enfraquece e desestimula os mesmos, que veem o risco de investir no país em alta. Por outro lado, O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetou nesta quinta-feira que a produção total de milho do Brasil deve atingir um recorde de 107 milhões de toneladas na safra 2020/21, acima das 106 milhões de toneladas projetadas no mês anterior. Já a produção brasileira de soja também foi estimada em recorde na safra 2020/21 pelo USDA, com 131 milhões de toneladas, mas estável ante a previsão do mês passado. Outro ponto positivo que tivemos essa semana, é que conforme CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento, tem-se a projeção de uma colheita de trigo de aproximadamente 5,7 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de quase 30% da produção.
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Enfim todos esses fatores somados, mesmo que em pequena escala conseguem ter impactos sobre a valoração do dólar e dos preços pagos. Tivemos uma semana extremamente agitada e voltamos a ter valores históricos atingidos em maio de 2020. Mais uma vez, teremos mais um fato para lembrar de 2020, que é um ano atípico, e que com certeza terá grande destaque na história mundial para as próximas décadas.
Graduada em Administração pela UNICRUZ, Mestre em Administração pela UFSM, Doutoranda em Agronegócio pela UFRGS e Professora do Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos.
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