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Preços de milho e soja tiveram alta em julho, aponta Cepea

Preços de milho e soja tiveram alta em julho, aponta Cepea

PREÇOS – SOJA 

Os preços da soja atingiram recordes nominais em julho, devido ao baixo excedente interno, à firme demanda das indústrias brasileiras e à retração dos sojicultores em negociar novos volumes a curto prazo. Esse cenário estimulou agentes a negociarem a produção das duas próximas safras. Além disso, a demanda doméstica por óleo e farelo de soja esteve aquecida, dando suporte aos preços do grão.

Ainda assim, sojicultores consultados pelo Cepea não mostraram interesse em vender grandes lotes no spot. O remanescente da safra 2019/20 é de cerca de 5% no País e produtores têm expectativas em adquirir maior receita pela venda desse restante nos próximos meses.

Diante disso, os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ Paraná atingiram patamares recordes nominais em julho, com as médias a R$ 116,05/sc de 60 kg e a R$ 109,45/saca de 60 kg, com respectivas altas de 5,7% e 5,8%. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores da soja em julho subiram 6,7% no mercado de balcão e 8,4% no de lotes – em um ano, as elevações são de expressivos 50,2% e 52,6%, respectivamente. O dólar se valorizou 1,5%, a R$ 5,28 na média de julho.

Vale ressaltar que, pelos próximos sete meses, pelo menos, empresas domésticas podem ter dificuldades em se abastecer. Empresas do Sul do País, inclusive, já importam a soja do Mercosul.

Óleo de Soja – A procura para a produção de biodiesel fez com que o setor alimentício encontrasse dificuldades na aquisição do óleo de soja. Processadoras intensificaram as aquisições de soja em grão, uma vez que são poucas as que têm estoques de matéria-prima para processar até o final do ano. Nesse cenário, os prêmios e os preços desse co-produto também registraram patamares recordes nominais.

O prêmio de exportação do óleo de soja para embarque em agosto/20, com base no porto de Paranaguá (PR), chegou a ser ofertado a US$ 1,00/libra-peso no final de julho, o maior patamar da série do Cepea, iniciada em junho de 2004. No início de julho, o prêmio para este mesmo contrato estava sendo ofertado a 2,2 centavos de US$/libra-peso.

Na cidade de São (com 12% de ICMS incluso), o óleo de soja subiu expressivos 13% de junho para julho, a R$ 4.292,14/tonelada em julho, o maior valor nominal da série do Cepea, iniciada em julho de 1998. Em termos reais (série deflacionada pelo IGP-DI de junho/20), a cotação média do óleo em julho supera em 46,1% a do mesmo mês do ano passado e é a maior desde janeiro/2013 (quando esteve em R$ 4.323,89/t). Ressalta-se que as negociações no mercado interno ocorrem a valores acima da paridade de exportação.

Farelo de Soja – A demanda externa por farelo de soja também esteve maior em julho. Colaboradores consultados pelo Cepea sinalizam que o volume embarcado do derivado em apenas um navio foi recorde. Com isso, algumas indústrias, especialmente de São Paulo e de Mato Grosso, mostraram preferência em exportar em detrimento de vender no mercado doméstico. Com isso, parte dos consumidores domésticos tiveram dificuldades na aquisição do farelo.

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Os prêmios no porto de Paranaguá também registraram altas significativas. O contrato Setembro/20 passou de 2 dólares/t curta no início do mês para 15 dólares/t curta na última semana de julho. Com isso, os valores do farelo de soja são recordes nominais em Campinas (SP), Campo Grande (MS), Chapecó (SC), Ijuí (RS), Itumbiara (GO), Maracajú (MS), Mogiana (SP), Rio Grande do Sul (RS), Norte do Paraná, Oeste Catarinense, Oeste do Paraná, Passo Fundo (RS), Rio Verde (GO) e Santa Rosa (RS). Já em termos reais, os valores na região da Mogiana são os maiores desde novembro/12 e em Campinas, Ijuí e no norte do Paraná, desde julho/16. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja subiram 2,5% na comparação mensal e 44% na anual.

A margem de lucro das indústrias, com base preços FOB Paranaguá, referente ao embarque em setembro/20, passou de US$ 12,73/t para US$ 25,96/t no final de julho. Para este cálculo foram utilizados os valores FOB de soja, farelo e óleo de soja no porto de Paranaguá.

Front Externo – Os preços futuros de soja e derivados também subiram nos Estados Unidos, influenciados por novas compras da China e pela escassez de chuva em partes do mês de julho. A alta externa, por outro lado, foi limitada pela melhora nas condições climáticas e pelo baixo volume comercializado da safra 2019/20.

De junho a julho, na CME Group (Bolsa de Chicago), a média do primeiro vencimento da soja subiu 3,3%, a US$ 8,9541/bushel (US$ 19,74/sc de 60 kg) – a maior desde janeiro deste ano. O primeiro vencimento do farelo avançou 0,9%, com a média mensal a US$ 289,45/t curta (US$ 319,06/t). O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja subiu significativos 4,6%, indo para US$ 0,2917/lp (US$ 642,99/t).

 

PREÇOS – MILHO

Os preços de milho operaram em alta na maior parte de julho, mas com fundamentos diferentes no período. Nas duas primeiras semanas, as cotações subiram, influenciadas pela alta do dólar, pela firme demanda externa e pela elevação do frete. Já na segunda quinzena do mês, mesmo com a queda cambial, que reduziu o interesse de venda nos portos, produtores limitaram suas ofertas, mantendo as cotações em patamares elevados, contribuindo com o movimento de alta na maior parte do mês. Apesar de a colheita ter ganhado ritmo em julho, vendedores priorizaram o cumprimento de contratos negociados previamente e seguiram atentos à paridade de exportação.

Em julho, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços subiram 5,7% para as negociações entre empresas (mercado disponível) e 5,8% para os valores pagos ao produtor (balcão).

Em Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa registrou aumento de 4,7% entre 30 de junho e 31 de julho, fechando a R$ 50,79/saca de 60 kg no dia 31. A média do mês foi de R$ 49,70/saca de 60 kg, aumento de 4,1% se comparada à de junho. Já o dólar se desvalorizou significativos 4,2% no período, a R$ 5,213 no dia 31.

Exportação – As negociações ganharam força em julho. Mesmo com as oscilações externas e a baixa cambial, compradores mostraram interesse para entregas imediatas. Contudo, no acumulado do mês, os preços em Paranaguá (PR) e Santos (SP) recuaram 1,6% e 0,6%, fechando a R$ 49,45 e R$ 50,57/sc de 60 kg, respectivamente, no dia 31. De acordo com dados da Secex, o Brasil exportou 4,15 milhões de toneladas de milho em julho, volume 30% menor em relação ao mesmo período do ano passado, mas muito superior às 348,1 mil toneladas embarcadas em junho.

Campo – O clima em julho permitiu que a colheita ganhasse ritmo em todas as regiões produtoras. Porém, agricultores começaram a indicar ajustes negativos na produtividade, especialmente nas lavouras do Paraná, de São Paulo e Mato Grosso do Sul, devido à seca durante o desenvolvimento. Esse contexto somado ao fato de que boa parte da produção já está comercializada devem manter limitada a disponibilidade do cereal.

No Paraná, a colheita havia atingido 37% da área plantada até o dia 3 de agosto, segundo relatório divulgado pela Seab/Deral. A secretaria também divulgou estimativa de produção de 11,54 milhões de toneladas, queda de 13% frente à anterior. Em Mato Grosso, as atividades seguiram em ritmo intenso, com 93,55% da área colhida, avanço de 60 p.p. no mês, conforme indicou o levantamento do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).

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Já em São Paulo e Mato Grosso do Sul, a colheita de segunda safra seguiu em menor ritmo. Em julho, no primeiro estado, enquanto na região da Sorocabana os trabalhos estavam um pouco mais adiantados, na Mogiana e em Itapeva a colheita estava no início. Em Mato Grosso do Sul, as atividades chegaram a 13,4% da área até o final de julho, 55 p.p. abaixo do verificado no mesmo período de 2019, de acordo com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). A área produzida no estado foi revisada para baixo, com queda de 12,79%, somando 8,65 milhões de toneladas.

Mercado Internacional – Na Argentina, a colheita já está na reta final. Segundo a Bolsa de Cereales, até o dia 30, as atividades haviam atingido 97,4% da área estimada. Por enquanto as estimativas de produção se mantêm em 50 milhões de toneladas.

Nos Estados Unidos, as lavouras apresentaram melhora no desenvolvimento. O relatório do NASS/USDA mostrou que, até o dia 2, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam a 72% da área. O USDA relatou também que 92% do total tinha formado espiga e 39% estavam em formação de grãos.

Quantos aos futuros, terminaram em baixa em julho, influenciados pelas boas condições das lavouras e pela melhora do clima no Meio-Oeste norte-americano. No entanto, a possibilidade de que aumento na demanda chinesa pode limitar as quedas nos próximos meses. No acumulado do mês, os vencimentos Set/20 e Dez/20 recuaram 7,47% e 6,7%, respectivamente, indo para US$ 3,16/bushel (US$ 124,40/t) e US$ 3,27/bushel (US$ 128,73/t) no dia 31.

 

*Cepea.

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