O que esperar do inesperado? É esse o sentimento mais constante que perpassa pela cabeça de observadores do mercado e produtores das principais commodities do país: milho, soja e trigo. Obviamente os ventos que elevam o preço da saca de soja, aproximar-se cada vez mais da casa dos R$110,00 (preço de balcão), não é o mesmo que toca na precificação do Milho.
Frente ao cenário fortemente volátil, a commoditie tem somado médias baixas para sua saca. Nota-se que os produtores do Mato Grosso já colheram aproximadamente 61,1% da área produzida no Estado, conforme IMEA (2020). Enquanto isso, em 2019 no mesmo período, a área colhida era de 76,16%. Frente a esse cenário, observou-se que na sexta-feira (10/07) mesmo com o relatório da USDA, sinalizado um corte na estimativa de produção da safra 2020/21 do país, a Bolsa de Chicago manteve um cenário negativo para a commoditie.
Abrafrigo alerta sobre excesso de normas no combate ao Coronavírus
Outro ponto que liga o sinal de alerta para o Milho, é com relação as precificação futura. Por exemplo para ser entregue até o fim de setembro, foi fechada essa semana a US$ 3,37 por bushel, com baixa de 11,50 centavos. E o cenário parece não melhorar para os próximos meses, visto que contratos existentes para pagamento até 30 posição dezembro fecharam a US$ 3,44 por bushel, recuo de 12,25 centavos de dólar, ou 3,43%, em relação ao fechamento anterior.
Observa-se que há mais fatos que podem agravar ainda mais o cenário, como por exemplo, suspensão de compra de carne suína e frangos por parte da China; A parada de frigoríficos/fábricas em função do Covid-19. Empresas produtoras de frango (Sádia/Jbs/entre outras) sinalizando uma redução da produção de frangos em aproximadamente 15%; São fatos que podem dificultar ainda mais a recuperação da precificação do Milho.
A figura 01 faz menção de como os preços pagos pela saca da commodities (balcão), comportaram-se durante a semana, junto as principais cerealistas da região.
Na contramão do Milho, Soja e o Trigo, vem alcançando preços significativos, que tem motivado produtores e movimentado o mercado de especulações. Conforme dados da CEPEA (2020), o preço da saca de trigo segue em alta, junto aos estados do Paraná e no Rio Grande do Sul. A exemplo disso, o efeito dominó já atingiu também a saca da farinha de trigo (de 50kg), a qual teve um aumento de 5,4% nos últimos trinta dias e 46% em relação ao mesmo período do ano anterior. Quanto as farinhas especiais, as altas chegaram a 8% em trinta dias e de 44% sobre igual período de 2007.
Com relação a Soja, o cenário também tem se apresentado de forma positiva. No entanto, há sinais de leve desaceleração. Por exemplo, essa semana junto a bolsa de Chicago contratos com vencimento em 30/11/2020 foram fechados com uma desvalorização de 0,46% e cotado em US$ 9,02 por bushel. Não foi diferente para os contratos com entrega em agosto, os quais tiveram uma queda de 9,25 centavos de dólar ou 1,03% em relação ao fechamento anterior, a US$ 8,87 por bushel.
No dia 10/07/2020, o mercado já demonstrou sinais de recuo, quando observou-se preços mais baixos na maioria das praças do país. As quedas da sexta-feira aproximaram-se de R$2,50 por saca. Nota-se que o cenário mudou após divulgação do relatório de julho do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o qual indicou o aumento na safra do país e dos estoques finais para a temporada 2020/21 atuou como fator de pressão.
O Gráfico 01, faz menção ao cenário específico do preço pago pela saca de soja na região, junto as cerealista da região.
Salienta-se que os efeitos de redução do preço pagos pela saca de soja, devem ser sentidos junto a região já nesta segunda-feira e devem se intensificar na terça-feira. Se eles serão constantes durante as próximas semanas? a resposta mais sensata é: Pode se esperar tudo do inesperado! Porém aqueles que estiverem mais organizados/planejados passaram por esse momento e tiraram proveito. Pois é no meio da crise que surgem as oportunidades, basta nos permitir, nos recriar.
Graduada em Administração pela UNICRUZ, Mestre em Administração pela UFSM, Doutoranda em Agronegócio pela UFRGS e Professora do Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos.
1 Comment