Especialista da Conexão Delta G destaca manejo integrado com pilares ambiental, uso de carrapaticidas e seleção genética
Com a chegada do período mais quente, iniciando na primavera e chegando ao verão, em épocas marcadas pelo fenômeno do El Niño neste ano, que aumenta a umidade, a pecuária enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito ao controle de parasitas em animais, como o carrapato. Este é considerado um dos principais problemas na criação de bovinos de corte no país, afetando diretamente a produção e gerando prejuízos anuais de bilhões de dólares.
Conforme o diretor da Conexão Delta G, Octaviano Pereira Neto, o aumento da frequência de chuvas durante a primavera e verão, associado ao El Niño, é benéfico para a produtividade das pastagens, mas também cria um ambiente propício para o desenvolvimento de parasitos, incluindo o carrapato. Esse cenário afeta negativamente a produção de bovinos, especialmente de raças taurinas e sintéticas.
“O controle do carrapato é vital para evitar prejuízos na reprodução, desenvolvimento dos animais, produção leiteira e terminação”, destaca.
O especialista aponta para três pilares fundamentais no manejo integrado: o manejo ambiental, o uso de carrapaticidas e a seleção genética. Na questão do manejo ambiental, destaca a importância de evitar o crescimento massivo das infestações nas pastagens.
“Estratégias incluem cuidados na entrada de animais em áreas propensas à infestação, como restevas de lavouras. Além disso, é crucial atentar para a redução da carga parasitária em pastagens cultivadas durante as atividades agrícolas”, observa.
Quanto ao uso de carrapaticidas, Pereira Neto recomenda uma abordagem cuidadosa na escolha do produto, considerando formulações com excelente adesividade e rápida absorção pela pele dos animais.
“A eficácia do tratamento também deve ser avaliada, evitando escorrimentos que podem comprometer o resultado, principalmente em períodos chuvosos”, frisa.
O terceiro pilar, a genética, para o especialista, emerge como uma solução promissora. Reforça que a seleção de animais geneticamente resistentes ao carrapato contribui para elevar a resistência média do rebanho.
“A Conexão Delta G vem colocando muitos esforços na eleição dos animais com melhores resultados em termos de resistência ao carrapato, principalmente adotando a genômica como uma forma de identificar quais são os animais que trazem esses genes na sua composição genética. O uso de animais geneticamente superiores em rebanhos em geral permite melhorar a resistência média desse rebanho”, ressalta.
Segundo o diretor da Conexão Delta G, isso significa que quando se utiliza touros que são geneticamente mais resistentes, ao longo do tempo se vai elevando a resistência média desse rebanho.
“Não significa que o filho de um touro resistente será totalmente resistente, ou seja, que não terá necessidade de um tratamento. Quando eu utilizo animais geneticamente resistentes, ou com níveis de resistência superiores, estou incrementando a capacidade de resposta do organismo dos animais ao desafio dos carrapatos. Portanto, pais resistentes tendem a ter filhos mais resistentes e assim por diante”, explica.
Pereira Neto afirma que o manejo integrado desses três pilares oferece uma oportunidade significativa para otimizar o desempenho dos rebanhos. No entanto, enfatiza a importância de contar com assessoramento profissional e planejar cuidadosamente o processo de produção para alcançar os resultados desejados.
“Em meio às adversidades climáticas, a primavera e o verão trazem oportunidades, e o manejo adequado é a chave para desfrutá-las plenamente”, salienta.
Há quinze anos, a Conexão Delta G desenvolve juntamente com a Embrapa Pecuária Sul, de Bagé (RS), e o Gensys Consultores Associados, com apoio da Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB), projeto de seleção genômica para identificar animais mais resistentes ao carrapato, e que vem trazendo resultados positivos aos que adquirem a genética provinda destes exemplares.
O trabalho identifica e seleciona os animais mais resistentes à infestação do parasita, combinando dados de contagens de carrapato e de genealogia com informações de DNA. Foram identificados os animais das raças Braford e Hereford mais resistentes à infestação por carrapatos por meio da genotipagem dos animais e auxílio dos marcadores moleculares presentes no DNA dos bovinos destas raças.