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Uso de pesticidas agrícolas: como podemos esclarecer e avançar

Uso de pesticidas agrícolas: como podemos esclarecer e avançar

Por José Otávio Menten, Professor Sênior da USP/ESALQ, Presidente do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)

Recentemente participei do SENAGRI 2023 (Seminário Nacional de Insumos Agrícolas) realizado em Belo Horizonte – MG, organizado pela Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária (SBDA).

Estiveram presentes no evento cerca de 500 profissionais, especializados em insumos agrícolas (pesticidas, fertilizantes e sementes), ligados a órgãos governamentais federais, estaduais e municipais e empresas privadas (fabricantes de insumos, consultores, etc.).

No painel em que participei, discutiu-se pesticidas agrícolas ou defensivos, produtos fitossanitários, praguicidas ou agrotóxicos. Ficou claro que o Brasil não é o maior consumidor, embora seja o maior mercado, quando se trata de pesticidas químicos.

É importante esclarecer que, atualmente, também existem os pesticidas biológicos. Enquanto o mercado de químicos deve aumentar nos próximos anos, 2% ao ano, o mercado de biológicos deve crescer 30% ao ano!

Para comunicar o consumo, é fundamental utilizar indicadores adequados. No caso de pesticidas químicos, o consumo deve ser medido pela quantidade de pesticidas utilizados por unidade de área cultivada ou pela quantidade produzida.

De acordo com fontes confiáveis, embora o Brasil seja o maior mercado de pesticidas químicos, no ranking dos maiores consumidores fica em 44º lugar quando se utiliza a quantidade por unidade de área cultivada e em 58º lugar quando a mensuração é feita pela quantidade de pesticida por tonelada produzida.

Países como Japão, Coreia do Sul, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá, etc., consomem muito mais pesticidas agrícolas do que o Brasil. É importante deixar claro que os pesticidas agrícolas utilizados no Brasil são de boa qualidade.

Entidades para registro

Para serem comercializados, têm que ser registrados. Este é um processo rigoroso, realizado por três entidades:

MAPA (Ministério da Agricultura), que avalia os aspectos agroquímicos.

ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde), que avalia os aspectos toxicológicos/cuidados com a exposição das pessoas.

IBAMA, órgão do Ministério do Meio Ambiente, que avalia o efeito do pesticida no solo, água e atmosfera e sobre os organismos não alvo, aquáticos e terrestres.

Desta forma, os pesticidas químicos mais modernos são cada vez melhores, mais amigáveis, não causando efeitos negativos nos aplicadores e no ambiente e nem deixando resíduos perigosos nos alimentos, quando usados corretamente.

Tanto que, atualmente, o Brasil, além de atender com alimentos de qualidade toda sua população, exporta para consumidores de mais de 150 países.

Utilização

Embora os pesticidas químicos só possam ser adquiridos através da Receita Agronômica, elaborada por profissional habilitado, é muito importante que sua utilização seja correta e segura.

São fundamentais procedimentos adequados no transporte, armazenamento, uso de EPI (equipamentos de proteção individual), preparo da calda, tecnologia de aplicação e destinação correta de sobras e embalagens vazias. Destacam-se a utilização da dose correta e o período de carência ou intervalo de segurança.

Estes cuidados são essenciais para que os pesticidas agrícolas cumpram sua função de controlar as pragas agrícolas, responsáveis por 40% de prejuízo na produção de alimentos, fibras naturais e bioenergia, mas não causem efeitos colaterais indesejáveis.

Assim, é possível uma convivência harmônica, por exemplo, entre agricultores e apicultores, garantindo a polinização adequada e produção de mel. Além de entregar aos consumidores alimentos livres de resíduos.

O agro vem continuamente aprimorando seus procedimentos, visando sua sustentabilidade. Desta forma, o Brasil vai se consolidando como potência agrícola e ambiental, contribuindo com a geração de emprego e renda, aumento do PIB e das exportações, melhorando a qualidade de vida das pessoas.

Sobre o CCAS


O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP. Com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.
O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.
Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.
A agricultura, por sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. Não podemos deixar de lembrar que a evolução da civilização só foi possível devido à agricultura. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa, assim como a larga experiência dos agricultores, seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.

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