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O mercado da soja em 2020 e as perspectivas para a safra 20/21

O mercado da soja em 2020 e as perspectivas para a safra 20/21

O mercado agrícola, no que se refere à commodities soja, no ano de 2020 vislumbrou patamares de valores nunca antes vistos, previstos nem projetados pelos mais otimistas economistas do mundo. Não só ultrapassamos a escala dos R$ 100,00 como nos aproximamos de forma pontual dos R$170,00 e as projeções sinalizam um cenário futuro de subas pontuais até o final ano.

O mercado tem se mantido aquecido frente à instabilidade provenientes do coronavírus, ao crescimento da demanda mundial pela commodities e a instabilidade dos estoques – fruto dos problemas climáticos que atingiram o Brasil, EUA e Argentina. A instabilidade politica americana (principalmente com a China) e a brasileira, estão entre os principais fatores que impulsionaram à valoração da commodities soja.

Contudo, a valoração atual da soja não beneficiou os produtores em sua totalidade, uma vez que aproximadamente 46% da safra atual já havia sido comercializada por contratos no ano anterior (tendo como média de valor pago entre R$80,00 a R$ 88,00), bem como outra fatia significativa comercializou a safra logo após a colheita, restando um baixo estoque para o período onde a saca estava com uma melhor valoração.

O Gráfico 01 traduz o movimento de alta vivenciado nos últimos meses, assim como permite mais duas leituras complementares. Na primeira vemos as cerealistas da região, mesmo em termos de média, pagando valores superiores aos do Estado do RS. E na segunda que os valores pagos em 2019 ultrapassam o dobro do valor pago no mesmo período.

Variação e comparação dos preços pagos (balcão) para comodities soja no periodo de 28/09/2020 à 06/11/2020 e 30/09/2019  à  01/11/2019.

Outro fato que chama atenção, conforme dados da CONAB (2020), é que quase 50% da safra 2020/2021 já está comercializada em contratos futuros com valores abaixo do R$ 120,00. Inclusive cerca de 12% comercializou antecipadamente com valores abaixo de R$100,00. Significando, caso as projeções se confirmem, que muitos produtores deixaram de ganhar a mais na hora de comercializar sua safra.

Seguinte ponto a destacar é que, conforme o MAPA (2020), CONAB (2020), CEPEA (2020) e os relatórios da USDA (2020), o Brasil deve manter a posição de maior produtor de soja do mundo, repetindo a posição alcançada na safra anterior. Porém, observa-se ainda uma forte necessidade de evoluirmos em termos de gestão, principalmente no que se refere à ação de comercialização, a qual é crucial também para a boa manutenção das propriedades.

Se o cenário econômico gera dúvidas boas, visto que os preços mantiveram-se em alta durante todo ano, as projeções climáticas tem se apresentado de forma preocupante para os produtores. A falta de chuva já retardou o período de plantio em algumas propriedades da região e a possibilidade de um  novo período de estiagem prolongada assombra o estado. Uma solução, embora não resolva de forma integral o problema, é o investimento em pivôs, o que pode ser facilitado, caso o produtor consiga realizar sua comercialização em um momento em que o valor pago ultrapasse a expectativa que o mesmo tem conforme seu levantamento financeiro.

Enfim, o que que esperar da safra de 2020/2021 em termos econômicos? Muitas surpresas, dependendo do movimento político mundial, da descoberta (oficial) da vacina do COVID-19 e do real impacto climático sobre a mesma. No entanto para refletir: Há contratos futuros para a nova safra à R$ 126,00, o que indica que espera-se no mínimo que os preços da commodities soja operem nessa escala. Neste contexto, uma dica de gestão, é aproveitar os ganhos extras com a comercialização e investir em estruturas de armazenamento próprio, para que o produtor, o qual é tomador de preço, tenha liberdade de escolher para quem e quando vender.

Ana Paula Lima Ferreira

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