Estado gaúcho tem percentual menor do que as demais regiões brasileiras, cuja média atinge 65% de sementes certificadas
Cerca de 65% das sementes de soja utilizadas em 45 milhões de hectares cultivados no Brasil são certificadas. Embora vários estados brasileiros apresentem altas taxas de utilização de sementes certificadas, o Rio Grande do Sul registra um percentual menor, em torno de 44%. O restante das sementes usadas no estado é considerado de origem ilegal, conhecido como “sementes piratas”, por não possuir a certificação do Ministério da Agricultura.
A informação foi apresentada por Ronaldo Troncha, presidente-executivo da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM), durante o XXII Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), ocorrido recentemente em Foz do Iguaçu (PR).
Troncha destacou a preocupação com o uso de sementes não certificadas, especialmente no estado gaúcho.
“O uso de sementes piratas pode aumentar a propagação de pragas e doenças nas lavouras, um problema que vem sendo amplamente discutido em escala global”, afirmou o executivo.
No contexto de um mercado que movimenta cerca de R$ 20 bilhões anuais no Brasil com a comercialização de sementes certificadas de soja, Troncha ressaltou a importância de discutir o papel das sementes na agricultura moderna.
“A abertura do CBSementes enfatizou a crescente responsabilidade ambiental do setor produtivo. Para garantir essa responsabilidade, precisamos de sementes mais produtivas, que viabilizem alta produtividade em áreas de conservação, garantindo retorno financeiro aos produtores rurais”, explicou.
Ele também destacou que o setor de soja no Brasil movimentou aproximadamente R$ 300 bilhões na safra 2023/24, confirmando que a semente de soja mostra todo seu potencial e protagonismo no agronegócio brasileiro.
Por outro lado, o presidente-executivo da Abrasem também aponta a pressão internacional contra o desmatamento, com o Brasil enfrentando restrições, inclusive no comércio de produtos agrícolas.
“Legislações, principalmente da União Europeia, visam limitar o uso de áreas produtivas no Brasil como medida contra o desmatamento”, observa ele.
Segundo ele, com investimentos bilionários projetados para novas tecnologias nas próximas décadas, as empresas estão comprometidas em aprimorar a qualidade e elevar a produtividade das sementes.
“O foco está em inovações que serão introduzidas no mercado ao longo dos próximos 30 anos, prometendo transformações significativas no setor agrícola”, confirma Troncha.