Veja quais características são mais efetivas no manejo das principais doenças do trigo.
Algumas das principais dúvidas em relação ao manejo químico de doenças de trigo envolvem o número de aplicações de fungicidas, qual o momento de início das aplicações e que critérios utilizar para definir isso.
Para que a decisão seja mais assertiva, o ideal é que se considerem as características do cultivar de trigo escolhido: se resistente ou suscetível às principais doenças da cultura; o manejo da área onde se fez a semeadura (com ou sem rotação); e as condições climáticas ocorrentes (temperatura e precipitação).
Assim, o uso de cultivares com resistência genética é a medida preferencial de controle de doenças.
E dentre as doenças foliares de mais difícil controle, destacam-se as manchas foliares, especialmente a mancha amarela.
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O oídio também pode ter seu controle dificultado, caso a aplicação ocorra de forma tardia ou com produtos não específicos.
Na floração, a grande vilã é a giberela. Para essa doença, o timming da aplicação (sempre previamente à chuva) e a escolha dos princípios ativos são fundamentais para o controle.
Além disso, a rotação de culturas, eficiente para o controle de manchas foliares e podridões radiculares, requer cuidado na escolha de quais culturas irão compor o sistema de rotação.
Dentre os cereais: cevada, centeio e triticale podem ser suscetíveis aos mesmos patógenos de trigo.
E geralmente as aveias apresentam menor grau de suscetibilidade, e a utilização de espécies oleaginosas ou crucíferas contribui para redução do inóculo de manchas foliares e patógenos de raiz.
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Aliás em relação ao clima, no sul do Brasil o inverno é úmido (alta UR) e com chuvas frequentes.
Deste modo, as primaveras são chuvosas e com temperaturas amenas. Essas condições predispõem à ocorrência de doenças.
E, nesse sentido, o uso de fungicidas é indispensável em algumas situações.
Para definir o momento de início das aplicações, monitorar a lavoura é essencial.
Pois durante o estádio de perfilhamento é comum a produção de novas folhas, o que pode resultar em redução na incidência de doenças.
No entanto, a partir do final do perfilhamento, quando muitas doenças foliares se estabelecem, a sanidade da cultura é fundamental.
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Desta forma, em algumas situações, a antecipação da primeira aplicação de fungicidas para o final do perfilhamento é interessante, tais como: uso de cultivares sensíveis às manchas foliares em áreas sem rotação de culturas, cultivares sensíveis ao oídio e menor precipitação no início do ciclo da cultura e cultivares sensíveis a ferrugem e temperaturas mais altas após a emergência.
Em trabalho realizado na Cooperativa Central Gaúcha LTDA (CCGL) na safra de inverno 2018, em área sem rotação de culturas, foram avaliados seis distintos programas de aplicação de fungicidas, iniciados na elongação ou ao final do perfilhamento, na cultivar de trigo TBIO Toruk, com reações de moderada resistência (MR) à ferrugem da folha (Puccinia triticina) e ao oídio (Blumeria graminis f.sp. tritici) e moderada suscetibilidade (MS) à giberela (Fusarium graminearum) e mancha amarela (Drechslera tritici-repentis).
Observou-se um acréscimo médio de 5,3 sacos ha-1 a favor da antecipação da primeira aplicação de fungicidas para o final do perfilhamento.
Aliar bons produtos, posicionados de acordo com as características de cada cultivar e no momento certo, à prática de rotação de culturas, o tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas, respeitando intervalos de aplicação e considerando as condições de ambiente, resultam em ações mais efetivas no manejo das principais doenças do trigo.
Caroline Wesp Guterres
Doutora em Fitopatologia pela UFRGS e Pesquisadora na CCGL
Tecnologia
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