Pujança do agro, pandemia e inovações são os fatores que levam à busca por formação nestas áreas. Crescimento chega a até 150%
A necessidade de atuação em determinadas áreas e a crescente demanda por profissionais qualificados formam um movimento que se reflete diretamente no setor educacional, seja no ensino técnico ou superior. “A pandemia evidenciou importantes desafios no campo profissional e mesmo com o arrefecimento da crise sanitária, o mercado de trabalho geralmente é o último a se recuperar”, diz o professor Francisco Borges, mestre em Políticas Públicas de Ensino e consultor da Fundação FAT.
Desde 2020, a busca por capacitação nas áreas de enfermagem e tecnologia da informação não para de crescer no Brasil. Na Fundação FAT, os cursos oferecidos pelo Centro Paula de Souza e pelas Fatecs, apresentaram crescimento da ordem de 150% nas novas inscrições.
De acordo com Borges, somente no processo seletivo do segundo semestre deste ano, os 10 cursos com mais candidatos por vaga são de enfermagem: 15 para uma. Ele aponta a pandemia como principal estímulo à demanda. “Houve uma valorização dos profissionais de saúde porque os desafios e a possibilidade de novas crises sanitárias serão parte da rotina”, avalia.
Esse viés de alta é percebido em todo o país. O Censo da Educação Superior 2020 mostra que a procura por cursos de graduação em enfermagem teve aumento de 30% no primeiro ano da pandemia. A motivação fica evidente no levantamento feito pela plataforma LinkedIn e publicado no início deste ano: a profissão está entre os 25 cargos com demanda
crescente nos últimos anos.
Não é diferente em tecnologia, em que o impacto estimado no gap de profissionais é de 260 mil vagas até 2024. Os dados são da Brasscom, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais. Em consonância com essa realidade,
áreas relacionadas a negócios digitais seguem a mesma tendência da enfermagem.
O processo seletivo desenvolvido pela Fundação FAT para ensino superior nas FATECs mostra que os cursos de tecnologia também estão entre os 10 mais procurados: 17 candidatos para cada vaga. “Isso significa que entre 3 a 5 anos teremos um contingente significativo de profissionais formados em áreas estratégicas. E juntamente com o diploma entregaremos a oportunidade de empregabilidade tão importante para o desenvolvimento social”, avalia Borges. Ele destaca a movimentação recente de mercado que corrobora com a análise.
A Faculdade XP, parte da XP Educação, recebeu mais de 75 mil inscrições em 15 dias para seus cursos de graduação na área de tecnologia. A iniciativa visa formar profissionais para áreas que estão em falta no mercado. São 125 candidatos por vaga inscritos no edital dos cursos de tecnologia, número que supera o de inscritos para o curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Outra área que tem ganhado destaque é o agronegócio, setor que demanda mão de obra mais qualificada, principalmente no que diz respeito às práticas ESG, sigla em inglês para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança). Seu avanço fez crescer a procura por profissionais capacitados para criar projetos e estratégias relacionados ao tema. Dados da consultoria Michael Page indicam alta de 50% nas vagas deste tipo entre janeiro e maio deste ano. E as instituições de ensino
começam a se preparar para atender o mercado.