Não é de hoje que o baixo crescimento econômico e até mesmo a recessão são objetos de preocupação para a sociedade brasileira. Segundo dados do IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu nos últimos oito trimestres. Entre as consequências deste cenário, a perda de empregos e o estreitamento do consumo das famílias são as que mais preocupam.
No 1º trimestre de 2017, o cenário de recessão somente foi interrompido porque a safra recorde proporcionou crescimento de 13,4% no PIB da agropecuária, em comparação ao 4º trimestre de 2016 e 15,2% em relação ao 1º de 2017. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP), o nível de produção nos diferentes elos das cadeias produtivas tornou o segmento responsável por aproximadamente 23,6% do total do PIB nacional, estimado em R$ 6,266 trilhões.
A importância do segmento também é verificada pelos sucessivos superávits na Balança Comercial brasileira. Na história recente, o agronegócio foi responsável por cerca de 40,5% das exportações totais, conforme pode ser observado na Figura 1.
Quando analisado o saldo comercial (exportações – importações) do agronegócio com o saldo comercial do restante da economia brasileira, observa-se que somente nos anos de 2005 e 2006 o desempenho do conjunto do comércio exterior brasileiro foi superior ao desempenho do saldo comercial do agronegócio (Figura 2).
No RS, as exportações dos complexos soja (grão, farelo e óleo) e carnes (bovina, frango, pato, peru, suína e equina), fumo e seus produtos, produtos alimentícios diversos e outros, contribuiu para colocar o superávit do agronegócio numa condição superior ao superávit do conjunto da economia nos últimos 20 anos. Mesmo no ano de menor representatividade, o segmento foi responsável por 52% das exportações estaduais.
Além de apresentar desempenho competitivo superior ao desempenho do conjunto da economia gaúcha, no caso do comércio exterior, a tendência para o saldo comercial do agronegócio é positiva e de maior crescimento para os próximos anos. Nesta conjuntura, as exportações do complexo soja se destacam pela importância e ajudam a explicar parte significativa do desempenho do agronegócio gaúcho, conforme é possível observar na Figura 4.
No período analisado, o crescimento médio das exportações do complexo soja foi de US$ 269,7 milhões por ano entre 1997 e 2016 e alcançou o patamar de US$ 5,73 bilhões (Figura 4). Portanto, pela relevância socioeconômica, o agronegócio e a cadeia produtiva da soja se constituem como basilares das economias gaúcha e brasileira. Além de responder pela maior parte dos superávits comerciais e estimular o desenvolvimento de um significativo número de atividades econômicas, contribuem com o processo de construção de um país mais desenvolvido, sobretudo nos períodos de incerteza e baixo investimento da indústria, como verificado neste momento.
Fonte para os gráficos: Elaboração própria, com base nos dados da Agrostat (2017).
Por: Nilson Luiz Costa – Economista, Dr. em Ciências Agrárias. Docente do Curso de Ciências Econômicas e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agronegócios (PPGAGR) – Mestrado Acadêmico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Campus Palmeira das Missões/RS.
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