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Variação de preço das commodities esta semana

Variação de preço das commodities esta semana

A segunda semana do mês de maio foi marcada por grandes realizações junto ao mercado de grão. A alta do dólar que aconteceu no início da semana, foi uma resposta diante do grande desconforto ocorrido no mercado local de câmbio, reflexo da combinação entre juros cada vez mais baixos, economia em colapso e persistentes incertezas do lado político. Um bom exemplo foi o impacto das novas tensões entre EUA e China, novamente sobre as cogitações que tratavam de novas regras de tarifações sobre exportações. Logo sem a confirmação e projeções de novas compras, Chicago tem fôlego limitado.
Com relação ao plantio da safra americana 2020/2021, com o clima favorável os trabalhos estão em ritmo acelerado, bem acima da média para o mesmo período em anos anterior.

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Os trabalhos de plantio da nova safra norte-americana evoluem em ritmo acelerado no cinturão produtor dos EUA. O clima tem favorecido o avanço das máquinas, o que resulta em um ritmo bem acima da média normal para a época. No entanto, A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, emitiu um relatório no qual sinaliza a possibilidade de La Niña no verão de 2021, bem como prevê a manutenção da neutralidade climática durante o inverno e primavera de 2020 no Brasil entre novembro deste ano e janeiro de 2021.

Nesta semana a colheita de soja 2019/20 da Argentina atingiu 87,4% da área plantada, conforme a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), que prevê uma safra de 49,5 milhões de toneladas da oleaginosa. Já a colheita de milho 2019/20 chegou a 40% da área, reafirmando sua previsão para a produção do cereal em 50 milhões de toneladas. Vale lembrar que a Argentina é a maior exportadora global de óleo e farelo de soja, além de terceira maior de milho.
No Brasil, a semana foi muito intensa, sendo que chegou-se a preços pagos pelas sacas de soja a balcão na escala dos R$ 100,00, o que movimentou as vendas da safra 2019/20, que atingiu o marco de 80,6% da produção (Datagro, 2020).

Fazendo um resgate histórico do mesmo período em anos anteriores, tivemos volumes de vendas similares em e 2016, quanto chegou-se a 67,7% da produção comercializada. Somando os do período de 2020, já possuímos 97,72 milhões de toneladas comercializadas. Os altos preços também movimentaram os contratos futuros para a safra 2020/201, que já efetivou 28,2% da produção esperada para o ano.
Encerrando a semana, observamos que da Bolsa de Chicago (CBOT) finalizou em leve queda, após a China demonstrar interesse em cumprir as obrigações referentes ao primeiro estágio do acordo comercial realizado com os Estados Unidos. Porém, o cenário não está de todo favorável, ao passo que com o fortalecimento do dólar frente a moeda brasileira, o real acaba impedindo efetivação de compras mais significativas da China junto aos EUA.

Quanto ao mercado de trigo, o mesmo segue com alterações, efeito principalmente das oscilações do dólar (efeito dominó junto aos custos de importação). Apesar disto, as cotações no estado se mantém constantes com pequenas elevações em torno de 1 à 1,5 %. A CONAB esta semana projetou que a safra 2020 deve ficar em torno de 5,433 milhões de toneladas, refletindo em um aumento de 5,4% sobre a safra 2019.

A produtividade está projetada em 2.601 quilos por hectare, 3% acima de 2019. Essa semana também foi marcada pela comercialização de contratos futuros para trigo, sendo os valores observados junto a região entre R$ 51,00 e máximo R$54,00 para 2021.
Com relação às cotações junto a região noroeste/central do RS, tem-se eu o milho apresentou uma pequena queda no valor pago pela saca em torno de 1%, conforme Quadro 01, mas logo manteve-se o valor.

A queda ainda dos preços está relacionada a baixa/lenta comercialização de milho, efeito ainda das incertezas ligadas ao coronavírus e pelas preocupações econômicas, que atingiu diretamente o mercado de carnes, principal consumidor de milho.

Outro fator que tem impactado são as preocupações com o clima, uma vez que desde abril tem se observado apenas chuvas pontuais/irregulares no Sul do País, as quais não conseguiram amenizar os reflexos da atual estiagem prolongada vivenciadas nos estados. A Conab indica ainda que teremos uma colheita de 75,43 milhões de toneladas do cereal na segunda temporada.

O trigo iniciou a semana em alta. O principal fator está relacionado a variação do dólar que impulsionou o valor pago. Embora se tenha reduzido a demanda junto a bares, padarias e restaurantes. Observou-se que aumentou o consumo domiciliar das famílias por produtos à base o derivado do trigo. O que aumentou a demanda pelo produto, que vale ressaltar que possui um estoque limitado, o qual já dá sinais de conseguir atender a demanda por um curto prazo.

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Um ponto de alerta aos produtores, é que frente a estabilidade cambial e demais fatores que estão impulsionado a moeda Americana para o alto, tem efeitos diretos no preço pago pela saca de trigo, que também já tem projetada um aumento em torno de 4,9% mais cara para produzir.

Logo, a decisão de aumento de área produtiva deve ser bem avaliada e planejada a fim de trazer benefícios para o produtor. Neste contexto contratos futuros devem ser cogitados como uma boa opção. Desta forma o Gráfico 01, ilustra as oscilações positivas que tivemos durante a semana, com relação ao preço pago pela saca de trigo.

Com relação a Soja, como mencionado anteriormente a semana foi intensa. As oscilações dos preços pagos na região pela saca refletem tal cenário. No entanto, destaca-se mais uma vez que fechamos a semana com dólar em queda e os valores pagos pela saca similar ou com pequena queda em determinados estabelecimentos, comparados com o dia anterior.

Um ponto importante a ser avaliado pelos produtores, é que vendas de soja para julho de 2020 tiveram uma redução de 2,50 cents (0,30%), para US$ 8,37 por bushel. Embora para alguns setores a desvalorização da moeda brasileira tenha efeitos negativos para as exportações de grãos, a mesma tem sido um gap, impulsionando as vendas, as quais somaram na semana aproximadamente 2,9 milhões de toneladas (principal destino China).  No entanto, tais negociações tendem a não ser bem vistas junto ao mercado norte americano, o qual pode agir a fim de mudar tal cenário em prol de seus interesses. A fim de exemplificar como o mercado da soja operou na semana com relação aos preços pagos na região, o Gráfico 02 relata tais oscilações.

Em suma, todas as oscilações da semana sejam estas positivas ou não, só vem reforçar a necessidade da Gestão Rural, e comprovar que como dito anteriormente não há receita de bolo para bons resultados junto a propriedade. O que há, são efetivas ações de gestão, atenção com o mercado/clima e principalmente bom manejo de solo, pois só se tem colheita farta se o plantio for coerente.

Ana Paula Alf Lima Ferreira

Graduada em Administração pela UNICRUZ, Mestre em Administração pela UFSM, Doutoranda em Agronegócio pela UFRGS e Professora do Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos.

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