Existe diferença da carne oriunda de animais terminados à pasto ou com grãos?
O Brasil possui o maior rebanho comercial de bovinos do mundo.
É um dos maiores produtores e, atualmente, o maior exportador de carne bovina.
Com um rebanho aproximado de 215 milhões de animais, produz carne oriunda de diferentes sistemas de terminação, como pastagens nativas, pastagens cultivadas de inverno e verão, utilização de grãos como suplementação em pastagens e confinamento.
No entanto, a qualidade é determinada por um conjunto de fatores e também pode estar fortemente associada a costumes e tradições.
Maciez, suculência, sabor, grau de marmorização e valor nutricional são características que determinam maior ou menor qualidade do produto.
Mas em relação ao sistema alimentar, existe diferença da carne oriunda de animais terminados à pasto ou com grãos?
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Considerando marmoreio, maciez, sabor e suculência, quaisquer sistemas de alimentação apontam vantagens e desvantagens, avaliadas muitas vezes, de forma subjetiva pelo “gosto do consumidor”.
Porém, a maciez é determinada em grande parte pela idade do animal no momento do abate e o grau de marmorização da carcaça pelo nível nutricional da dieta ofertada e também pela raça bovina.
Assim, quando se avalia a composição nutricional da carne, é possível observar que, de acordo com trabalhos revisados, a carne oriunda de sistemas pastoris é fonte de ácido graxo ômega-3, apresenta maior quantidade de ácido linoleico e é mais rica em precursores das vitaminas A e E.
Essa carne tende a apresentar menor teor total de lipídios – uma consideração importante para os consumidores interessados em diminuir o consumo de gordura da dieta.
Por outro lado, a carne originada de animais terminados em dietas ricas em grãos, apresenta maior quantidade de ácido graxo ômega-6 e de gordura intramuscular (marmoreio).
Embora apresente maior percentual de gordura, a composição da mesma, entre os dois tipos de carne, também difere.
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Mas voltando a análise nutricional, percebe-se que cada sistema de alimentação pode gerar alterações na formação do produto final.
Porém, quando se pensa em consumo de carne como nutriente na dieta humana, é importante considerar que a carne vermelha, independentemente se oriunda de pasto ou grão, é uma fonte proteica de alta qualidade biológica (rica em aminoácidos essenciais), além de apresentar boa quantidade de vitaminas do complexo B, principalmente a B12 e minerais, como o zinco e o ferro.
E a qualidade proteica da carne é, sem dúvida, o diferencial da ingestão desse produto na dieta humana.
Mais importante que o sistema de alimentação onde a carne foi produzida, é que o produto tenha origem em sistemas sustentáveis econômica e ambientalmente.
E que seja proveniente de animais saudáveis, abatidos e processados em indústrias idôneas e, fundamentalmente, que atenda ao gosto do consumidor.
Daniele Furian Araldi
Zootecnista, Mestre em Produção Animal, Docente dos Cursos de Medicina Veterinária e Agronomia/Área de Produção Animal da Universidade de Cruz Alta.
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