Estudos indicam que a escolha de cultivares menos suscetíveis e o manejo com fungicidas podem colaborar com redução de perdas
A ocorrência de apodrecimento de grãos e vagens durante a fase de enchimento, em lavouras de soja, problema popularmente conhecido como anomalia de vagens da soja, tem trazido muita preocupação para os produtores.
De acordo com o melhorista de soja da Bayer, Miller Lehner, considerando a área potencial afetada pelo problema, assim como a média de grãos podres obtida em ensaios de pesquisa, estima-se um prejuízo em torno de R$ 1,5 bilhão ao setor produtivo nas últimas três safras.
Para tentar entender o desafio e trazer soluções, a Bayer se uniu a uma rede composta por instituições de pesquisa, empresas de melhoramento genético, consultorias e sementeiras, para conduzir de forma integrada experimentos para identificar a causa e os manejos adequados para minimizar as perdas.
Evidências oriundas dessas pesquisas indicam que a causa do problema é biótica, provavelmente trata-se de uma doença. Além disso, já é possível indicar que algumas cultivares são mais suscetíveis a podridão de vagens e grãos (anomalia de vagens) do que outras.
“Conseguimos notar, nas duas últimas safras, que a reação à anomalia de vagens é fortemente afetada pelo germoplasma. Algumas cultivares de soja tem apresentado alta proporção de vagens e grãos podres, mas outras, baixa proporção. Felizmente, as variedades de soja da Bayer têm apresentado baixa proporção de vagens podres, associado a excelente qualidade de grãos e estabilidade produtiva. Nós temos resultados robustos, de ensaios internos e externos, indicando que algumas das variedades da Bayer têm excelente performance contra à anomalia de vagens”, comenta Lehner, que é especializado na área de melhoramento de plantas e fitopatologia.
A Bayer conta com uma estação de pesquisa localizada em Sorriso (MT), onde uma equipe trabalha para o desenvolvimento de estratégias de curto e longo prazo para controle da doença. Isso porque a principal região afetada pela doença é a médio norte de Mato Grosso, próxima a rodovia BR-163, passando por Nova Maringá, Tapurá, Ipiranga do Norte, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop. “Mas o problema não se restringe a esta região, há também relatos em Rondônia, Vale do Guaporé, Vale do Araguaia e até no sul de Mato Grosso”, afirma o melhorista.
Medidas de manejo
A primeira medida é a identificação correta da doença O sintoma inicial por vezes é imperceptível, pois os grãos começam a apodrecer dentro das vagens ainda verdes, sem sintomas externos. Depois, há o surgimento de manchas de coloração castanha-amarelada que evoluem para o apodrecimento da vagem e o desprendimento precoce da semente de soja do tegumento da vagem (conhecida como desmame).
Segundo o especialista da Bayer, muitas vezes o problema é confundido com outra doença da soja, a antracnose, por ambas afetarem a vagem, mas é possível diferenciar pelo tom mais escuro que esta última deixa na vagem.
“Claro que uma complicação pode levar a outra, afinal, quando a vagem começa a apodrecer, abrem-se caminhos para fungos oportunistas se juntarem”, comenta.
Lehner também ressalta que a utilização de sementes sadias, a escolha de cultivares tolerantes/resistentes e o manejo com fungicidas são as principais medidas para diminuir os riscos de perda econômica devido a podridão de vagens e grãos.
“Nossos estudos indicam que o manejo com fungicidas e a escolha de variedades tolerantes, como a M8220I2X, são determinantes para redução dos riscos. Essa cultivar tem ciclo médio (108 a 110 dias), excelente qualidade de grãos e estabilidade produtiva. Temos recebido relatos de descontos financeiros de até 30% em algumas variedades de soja devido as altas proporções de grãos avariados muito influenciadas pela podridão de grãos. Ressalto a necessidade de o produtor fazer a conta; alta produtividade as vezes está associada a alta proporção de grãos avariados e consequente desconto financeiro. Nesse cenário, a utilização de uma variedade com estabilidade produtiva e excelente qualidade de grãos como a M8220I2X traz mais segurança ao produtor de soja de Mato Grosso”, diz o especialista.
Estudos da Fundação MT apontam que a utilização de fungicidas pode reduzir a incidência da podridão das vagens de 24% para até 4%. A indicação para o uso de fungicidas é que a primeira aplicação deve ser realizada até 35 dias após a emergência da soja.
Nessa aplicação, a indicação é utilizar um produto mais robusto, pois ele será o responsável por reduzir a curva de progressão da doença. Para essa aplicação, a Bayer recomenda o Fox® Xpro, mistura tripla contendo carboxamida, triazol e estrubirulina. A segunda aplicação deve conter ativos com efeito curativo, como do Fox® Supra, com o intuito de minimizar o processo infeccioso.