Evento gratuito contará com as presenças do economista Antônio da Luz, do Secretário da Agricultura, Domingos Velho e do Superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli.
A cada safra, o cultivo de soja se firma como fator importante no desenvolvimento e na diversificação da economia regional da Campanha gaúcha. Segundo dados do IBGE, na safra 2021/2022, foram colhidas 515.148 toneladas do grão, em uma área plantada de 287.500 hectares, praticamente três vezes mais do que há dez anos, quando foram produzidas 188.652 toneladas em 92.100 hectares. O crescimento consolida a região como a nova fronteira agrícola do grão no Rio Grande do Sul.
Em busca de soluções e tecnologias para ampliar a produtividade e superar o déficit hídrico no cultivo da soja, a Associação e Sindicato Rural de Bagé vai reunir especialistas e autoridades no 9º Simpósio da Soja na Região da Campanha – Novas Fronteiras para Novas Respostas, dias 2 e 3 de agosto. Totalmente gratuito, o evento pretende receber produtores da Campanha, Fronteira e região Central na sede do Sindicato e, ainda, reunir produtores de outras regiões do estado e do país no formato online. O mediador será o experiente jornalista do agro Irineu Guarnier Filho. As inscrições podem ser feitas pelo site simposiodasoja.com.br, com opções para participação presencial ou online.
A palestra de abertura será com Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul, sobre o panorama atual do mercado da soja. Luz adianta que o avanço da oleaginosa tem, como reflexo, o desenvolvimento também nos níveis de renda, indústria, comércio e tudo o que é necessário para a promover e absorver essa produção.
“A região já tem representatividade bastante significativa no cultivo do grão e ainda tem muito por acontecer, toda essa fronteira agrícola traz consigo o milho, as culturas de inverno e uma integração entre a produção múltipla de grãos com a pecuária, com maior produtividade e muito mais riquezas sendo geradas. Por outro lado, os verões mais secos são uma característica daqueles municípios, que devem crescer e se desenvolver, mas isso só acontecerá se souberem aproveitar as suas potencialidades. O potencial é a agropecuária e a irrigação é um enorme gatilho para esse crescimento e desenvolvimento”, resume.
Para abordar temas como esses, estão entre os painelistas o Secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, Domingos Antonio Velho Lopes, que vai falar sobre a atual realidade da irrigação no estado.
A ocorrência de episódios La Niña será o assunto do professor da UFPEL, Douglas da Silva Lindemann, enquanto o superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, vai detalhar o Programa Duas Safras, que visa incrementar a safra de inverno e otimizar a produção o ano inteiro.
Ainda sobre a temática do déficit hídrico, o especialista em manejo e conservação do solo e da água, Antoniony Severo Winkler, vai como funciona o uso da geotecnologia na gestão da água; e o engenheiro agrônomo Marlon Ouriques Bastiani para falar sobre o combate ao caruru, praga que vem preocupando os produtores.
Para o coordenador do evento, Felipe Dias, abordar a escassez hídrica é inevitável, visto que a falta d’água é uma realidade na região. “Em outras áreas produtoras, como o Planalto, a média é de um ano seco para cada oito. Aqui nós temos um a cada três”, compara. Por outro lado, o também diretor do sindicato explica que investir no combate à estiagem valem a pena. “Aqui é mais necessário. Por isso, investimentos em irrigação, por exemplo, são viáveis porque eles se pagam mais rápido e o resultado compensa. Vale lembrar que a nossa atuação abrange todo o complexo soja, que envolve também outros cultivos, como arroz e milho e a rotação de culturas”, complementa Dias.
Cenário estimulante e desafiador
Se, de um lado, o cenário é estimulante, de outro é desafiador. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado na última semana, confirma que o Rio Grande do Sul caiu do segundo para o quarto lugar no ranking nacional de produtores. O Estado, que colheu 20,7 milhões de toneladas na safra 2020/2021, produziu apenas 9,1 milhões de toneladas nesta, uma queda de 56%.
O Superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, acredita que uma das possibilidades passa pelo programa Duas Safras, com a intensificação da produção agropecuária.
“O produtor rural pode investir ainda mais em culturas de inverno, utilizar áreas de arroz que estejam vazias ou, ainda, otimizar a produção forrageira, em um sistema quase de agricultura, com foco em maior capacidade de suporte ou melhor qualidade de alimentos para bovinos de corte ou de leite”. Produtor rural em Bagé, Condorelli é otimista. “Tudo isso muito bem amarrado com o cenário econômico e mercadológico, acena para uma perspectiva de que essa fronteira agrícola tenha sustentabilidade econômica e social ao longo das próximas décadas, subindo mais um degrau no que se refere à qualidade de vida de toda a sociedade”, finaliza.