Quando falamos em nutrição da cultura da soja, vários elementos são de extrema importância para a construção de elevados potenciais produtivos. Um destes elementos é o potássio, que depois do nitrogênio, é o nutriente absorvido em maior quantidade pela planta durante todo o ciclo produtivo.
A falta de potássio primeiramente causa a diminuição da taxa de crescimento da planta, podendo até em situações de deficiência mais acentuada acarretar o surgimento de manchas amareladas a partir das bordas das folhas mais velhas, e por sua consequência gerar a necrose dos tecidos vegetais, retenção das folhas na planta e também maturação desuniforme dos grãos.
Lavouras de soja de alto potencial produtivo contribuem para a redução dos estoques de potássio devido a sua característica de ser um nutriente muito exportado na cultura através dos grãos, pois em média 20 Kg de K20 por tonelada são retirados do solo a cada ciclo. Isto se nota especialmente quando não há restrição hídrica, pois tal condição climática proporciona às plantas uma grande capacidade de fixar legumes, que, todavia demandam maior quantidade deste elemento para o enchimento dos grãos.
Os sintomas da deficiência nutricional de potássio se manifestam principalmente na parte superior das plantas de soja e tendem a se evidenciar em cultivares com hábito de crescimento indeterminado. Nestas cultivares, os nutrientes são demandados em maiores quantidades, inicialmente na formação dos grãos do terço inferior e médio, provocando o aparecimento da deficiência no terço superior das plantas.
É importante lembrar que nem todos os genótipos de soja têm esta capacidade de responder à adubação potássica e transformá-la em elevada produção de grãos. Melhores desempenhos costumam aparecer em materiais com estatura compacta, entrenós curtos e com baixo índice de área foliar, ou seja, em cultivares mais modernas e precoces.
O potássio é um elemento que se movimenta facilmente no solo, com elevado risco de perdas por lixiviação e escorrimento superficial em solos com pouca cobertura vegetal e de baixa ou média capacidade de troca de cátions (CTC). Desta forma, o real dimensionamento de seus índices no solo, o adequado fornecimento através da fertilização, o melhor posicionamento quanto ás épocas de aplicação do fertilizante e o gerenciamento das culturas em rotação, constituem peças chaves no manejo da adubação potássica na cultura da soja.
Portanto, o parcelamento no fornecimento do potássio nas lavouras de soja é uma estratégia que pode mitigar as possíveis perdas principalmente em solos arenosos. Esta divisão pode ser de 1/3 da dose recomendada próximo da semeadura (de forma antecipada ou no sulco de cultivo) e 2/3 antecedendo o início da floração (em média de 30 a 35 dias após a emergência). Porém cabe lembrar que em anos de El Niño, com elevada precipitação pluviométrica, é alto o incremento no rendimento de grãos com o parcelamento da adubação potássica devido à diluição do risco de perda por lixiviação.
Já em anos de baixa pluviosidade, La Niña, deve-se ter o cuidado para que chova após a aplicação da segunda dose de potássio, viabilizando assim a dissolução e incorporação do nutriente no solo, favorecendo a sua absorção pelas plantas e evitando que a sua deficiência comprometa a produtividade.
Maurício De Bortoli – Engenheiro Agrônomo
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