O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada prevê estabilidade no PIB agropecuário para este ano
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta terça-feira (21/6), a revisão da projeção do valor adicionado (VA) do setor agropecuário de 2022, que passou de crescimento de 1,0% (conforme consta na Carta de Conjuntura nº 54, publicada em março deste ano) para estabilidade, ou seja, crescimento do PIB agropecuário nulo no ano. A revisão foi motivada pela piora na projeção feita pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, da produção de soja este ano, com uma queda de 12,1%, ante um recuo de 8,8% anteriormente divulgado. No caso do valor adicionado da produção vegetal, um dos componentes do setor, a revisão foi de alta de 0,3% para redução de 0,9%; e na produção animal, a estimativa era de crescimento de 2,9%, ante previsão de alta anterior de 3,0%, conforme o gráfico abaixo:
A nova previsão do valor adicionado da produção vegetal pode ser explicada pela estimativa mais recente do LSPA (IBGE) de queda na produção de soja, principal produto do componente. Mas, conforme previsão anterior, a redução da produção de soja é parcialmente contrabalançada pelo bom desempenho esperado para outras culturas como milho e café, seguindo as contribuições positivas de segmentos da produção animal, como bovinos e suínos. O milho deve apresentar crescimento de 27,6% em sua produção e a segunda safra de milho, que começa a ser colhida neste trimestre, tem previsão de crescimento de 38,9%. Caso mantenha esse desempenho, o grão deve ser o principal responsável por compensar a queda no VA da soja. Há expectativa de contribuições positivas em produtos como a cana-de-açúcar e o café, mas a segurança sobre seus resultados exige maior cautela.
Na produção animal, apesar da melhora na projeção para o setor de bovinos, o resultado foi motivado por uma estimativa menor para a produção de leite, o segmento com a maior contribuição negativa do componente, cuja revisão foi de alta de 0,2% para queda de 3,8% devido ao desempenho negativo no primeiro trimestre (queda de 10,3% na aquisição de leite no primeiro trimestre em relação a igual período do ano anterior) — de acordo com dados do IBGE. A produção de ovos também apresentou resultado negativo no primeiro trimestre. Para os demais segmentos, o primeiro trimestre foi positivo, com destaque para a produção de bovinos, cuja estimativa de crescimento foi revista de 3,8% para 4,6%. No caso dos suínos, a previsão é de crescimento de 4,5% para alta de 4,7%. Para a produção de aves, o resultado do primeiro trimestre veio abaixo do que esperavam e, por isso a previsão para o ano foi revista de crescimento de 3,0% para alta de 1,9%.
Os riscos para a produção vegetal são os mesmos apontados anteriormente: um resultado não negativo apenas pode ser mantido se as demais culturas importantes (como milho, café e cana-de-açúcar) confirmarem as estimativas do IBGE para crescimento elevado em suas produções. No caso da produção animal, a recuperação na produção de bovinos tem sido importante para segurar o resultado negativo do PIB agropecuário como um todo. Do lado positivo, um melhor desempenho de outras proteínas animais, como suínos e aves, possivelmente puxado pela recuperação no mercado de trabalho no ano, poderá melhorar o desempenho da pecuária. Ademais, a restrição sobre a oferta mundial do trigo causada pelo conflito entre Ucrânia e Rússia, que provocou um aumento do preço internacional do grão, pode estimular a produção do produto no Brasil na atual safra.
POR ASSESSORIA