Oportunidade para vencer a guerra contra as plantas daninhas
O manejo de plantas daninhas deve envolver um conjunto de métodos de controle, dentre eles o mais utilizado será o controle químico de plantas daninhas através do uso de herbicidas. Normalmente, o controle químico de plantas daninhas é feito antecedendo a semeadura da cultura (dessecação) ou em pós-emergência da cultura já estabelecida, usando herbicidas seletivos. Ambos apresentam vantagens quando bem utilizados, reduzindo ou eliminando os danos causados pela competição entre as plantas daninhas e as espécies cultivadas.
Existe outro momento estratégico para o controle de plantas daninhas: na pós-colheita da cultura da soja, antes do estabelecimento de uma nova cultura em sucessão, sendo essa, uma cultura de cobertura ou de grãos. Eventualmente as plantas daninhas que sobraram da dessecação ou que germinaram no novo fluxo em meio à soja, tornam o momento estratégico para realizar o controle das mesmas.
Espécies perenes como capim rabo-de-burro, capim canivete e capim amargoso podem fazer-se perenizadas se não controladas na dessecação ou em pós-emergência da soja, agravando ainda mais suas possibilidades de controle. Estas espécies apresentam sistema radicular do tipo rizomatoso que confere capacidade de propagação vegetativa e grande capacidade de recuperação (rebrote) após aplicação de herbicidas.
Ainda, para espécies anuais, como a poaia-branca, buva, leiteiro e trapoeraba, a permanência de plantas daninhas na pós-colheita da soja promoverá o reabastecimento do solo com as sementes produzidas por essas plantas, garantindo um novo fluxo de emergência dessas espécies ainda dentro da cultura sucessora, mas principalmente no próximo cultivo de soja.
Quais lições aprendemos com as situações adversas?
Desta forma, o controle dessas plantas após a colheita da soja torna-se viável pela possibilidade do uso de herbicidas alternativos, que não são possíveis de serem utilizados na pré ou na pós-emergência da soja. Normalmente estes herbicidas apresentam elevados índices de controle nessas espécies e irão contribuir na redução da infestação nas áreas agrícolas com espécies de difícil controle. Alguns exemplos de herbicidas que podem ser utilizados nesta modalidade são: saflufenacil, atrazina, 2,4-D, dicamba, paraquat, diquat, amônio glufosinato, dentre outros.
Em conjunto com o uso de herbicidas na pós-colheita da soja, preconiza-se o uso de culturas de cobertura pós-soja que auxiliará a manter o solo coberto, exercendo efeito de supressão sobre as plantas daninhas. Desta forma, o controle químico, aliado ao controle cultural após a colheita da soja, tornará a área de cultivo com reduzida população de plantas daninhas, facilitando o trabalho de dessecação para a implantação da próxima cultura.
A pesquisa preconiza que toda cultura a ser estabelecida, seja de cobertura ou de grãos, necessita ser semeada no limpo, ou seja, livre da presença de plantas daninhas. Sendo assim, a manutenção da lavoura cultivada ocasionando um efeito de supressão, culminará na redução da ocorrência de novas plantas daninhas no momento da dessecação para a semeadura da próxima safra de soja.
Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade de Cruz Alta. Mestre em Fitossanidade, área de concentração em Herbologia – UFPel e Doutor em Agronomia, área de concentração em Herbologia – UPF.