Com os alagamentos das áreas de lavoura e pastagem, o ciclo das propriedades rurais gaúchas enfrenta dificuldade no desempenho para engorda. Por conta dos impactos climáticos, os produtores precisaram inovar para garantir o alimento e, consequentemente, o aumento de peso dos exemplares para conseguir bons resultados nas vendas, principalmente de reprodutores.
Em uma das regiões atingidas, na metade Sul do Rio Grande do Sul, a Estância da Gruta, de Capão do Leão (RS), teve que adotar estratégias inovadoras para alimentar o rebanho de gado Montana. Segundo Anna Luiza Berchon Quinto Di Cameli, proprietária da fazenda, menos de 50% da área de pastagem chegou ao ponto ideal de entrada dos animais. Além disso, a propriedade sofreu com as cheias em mais de mil hectares de campo nativo, que seguem submersos por mais de 90 dias.
Para driblar a fome, a estância está investindo em comida pré-secada, com a instalação de comedouros específicos para feno e silagem. Outra solução foi estimular o crescimento da pastagem com manejo extra de ureia e a drenagem da água.
“Os animais estão mostrando dificuldade no ganho de peso. Mas, a situação é momentânea e podemos contar com o potencial genético do gado Montana, que são adaptáveis e resistentes, oferecendo um bom produto para os clientes”, explica Anna Luiza.
Ainda na região Sul, a Estância Luz de São João, de São Gabriel (RS), também implementou uma gestão de crise liderada pelo criador Celso Jaloto, proprietário da fazenda criadora da raça Braford. Além do replantio em algumas áreas, foi preciso usar a criatividade para semear e adubar áreas que estavam sem acesso, diminuindo também a quantidade de animais por hectare.
“Uma das soluções foi utilizar um avião agrícola para fazer a sobressemeadura do azevém na soja ainda não colhida e, mais tarde, a adubação das pastagens de inverno, otimizando a germinação do azevém com dosagem de cem quilos de ureia por hectare”, afirma Jaloto.