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Produtores de leite pioneiros no uso da ordenha robotizada contam quais as principais dúvidas sobre o uso da tecnologia

Produtores de leite pioneiros no uso da ordenha robotizada contam quais as principais dúvidas sobre o uso da tecnologia

POR ASSESSORIA

Gestoras das fazendas Capetinga e Lagoa Dourada utilizam as soluções Lely e compartilham suas experiências de sucesso com outros produtores interessados em conhecer o robô

Parametrização de dados, assertividade de ações, fortalecimento do bem-estar animal e aumento da produtividade são apenas alguns dos resultados destacados por Vanessa Cassoli e Ellen Biersteker quando o assunto é o emprego da tecnologia robótica. As gestoras contam como o novo sistema de ordenha foi capaz de modificar a rotina da produção e os principais resultados obtidos, que hoje são compartilhados durante visitas técnicas de profissionais da cadeia leiteira de todo o país.

“Nós da Fazenda Capetinga temos um sentimento de satisfação enorme em poder contribuir com a cadeia como um todo porque esse é realmente um pensamento nosso, não adianta nossa fazenda isoladamente ir bem em sua gestão, se todos não caminharmos juntos para evoluirmos como setor. Essa experiência de receber outros produtores nos traz essa sensação de progresso, e tenho certeza que não é apenas uma sensação”, diz Vanessa Cassoli completando que a troca de vivências ajuda na produção deles também, em um aprendizado conjunto.

De acordo com a gestora, o principal ganho da robotização que faz questão de passar aos outros produtores é relativo à inteligência na produção. “Passamos a ter maior produtividade e rentabilidade com qualidade no processo de trabalho, em uma rotina mais planejada e padronizada”, afirma.

Ellen Biersteker adiciona que o principal ponto para ingressar na ordenha robotiza é se identificar com o sistema. Diferente da ordenha convencional, é preciso entender que sua propriedade está produzindo 24h por dia, isso significa menos trabalho na ordenha com mais resultado, mas uma atenção constante. “Diante de todo esse esforço, é uma satisfação ser referência no trabalho que estamos fazendo, isso mostra que a lida do dia a dia tem valor para outras pessoas e que podemos influenciar positivamente diversos produtores. Às vezes, temos a somar com algo simples, mas que pode ter um impacto grande em outra propriedade e essa troca só nos faz crescer como cadeia”, finaliza.

Principais dúvidas

“Não, não é necessário um investimento astronômico”. “Não é preciso mudar todos os colaboradores da fazenda”. “Sim, é possível adaptar em diferentes modelos produtivos”. “Não precisa virar cientista para operar a máquina”. “E também não, não vai acabar com o trabalho da lida, mas, sim, vai trazer qualidade a ele”. Em poucos minutos de troca de informações as produtoras fazem uníssono ao responder as principais dúvidas dos produtores leiteiros ao se depararem com os robôs. O novo modo de produzir, que já é uma realidade em diversas propriedades, atrai quem quer elevar a produção a um novo patamar.

“A primeira coisa que é preciso ter em mente é que a robotização não é algo do futuro, como se fosse uma implementação distante, espécie de plano para o amanhã. Essa tecnologia já está disponível hoje, entregando resultados, e produtores, como nós, já estamos colhendo os benefícios”, inicia Vanessa Cassoli que está ao lado do marido, Marcelo Cassoli, à frente da Fazenda Capetinga. 

Localizada em São João Batista do Glória (MG), a propriedade iniciou sua produção nos anos 2000 com gado Jersey em pastejo intensivo, migrando posteriormente para o Holandês. Em 2010 foi construída a primeira parte do atual Free Stall, com capacidade para 60 animais, o que já avançou a produtividade da fazenda e, com um rebanho que também estava evoluindo, começou a se exigir três ordenhas diárias.

“Isso, ao longo do tempo, nos fez pensar em como adequar melhor a propriedade pensando em expansão e chegou um momento em que ou aumentávamos mais um barracão ou optávamos pela ordenha robotizada”, conta Vanessa Cassoli que pontua a decisão como uma soma de fatores: adequação do tempo de trabalho – com ordenhas ocorrendo pela madruga –, qualidade de vida e a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. “Os robôs vieram como uma solução de tirar o fardo da terceira ordenha, de permitir uma equipe mais satisfeita e uma gestão mais sofisticada”, resume.

Após as avaliações e tratativas necessárias, no final de 2019 a Fazenda Capetinga foi a primeira do Estado de Minas Gerais a instalar robôs de ordenha Lely Astronaut A5. De acordo com a gestora, a escolha da marca se deu pela liderança em ordenha robotizada no mundo – adiantando uma resposta que muitos produtores questionam. “O sistema é simples e enfoca o trânsito livre do animal, ou seja, a vaca vai quando quer para a ordenha, deita e come a hora que deseja, isso dá qualidade no processo tanto para o animal quanto para o profissional que faz o acompanhamento”, diz adicionando que o equipamento não fornece somente a ordenha, mas toda uma gama de informações como quantidade de alimentação, período de cio e até qualidade detalhada do leite fornecido.

Para se ter ideia, o sistema informatizado consegue inclusive selecionar o rebanho em termos de úberes, problemas de casco e uma série de dados corpóreos que vão auxiliar nas tomadas de decisões sobre os animais. “Nós temos uma missão na fazenda: ‘produzir qualidade com felicidade’ e isso foi extrapolado com o advento da tecnologia porque, dessa forma, garantimos o conforto das vacas, não temos jornadas sacrificadas e mantemos a produtividade alta de um bom leite”, menciona a profissional que atualmente conta com 130 vacas em lactação, com cerca de 40 kg leite/dia por animal.

Enganam-se, porém, os produtores que pensam que é “coisa da NASA”. De acordo com Marcelo Cassoli, que recebe com frequência na propriedade outros produtores que buscam entender mais da tecnologia, alguns chegam com a ideia que a robotização é algo super complexo e de difícil execução prática. “Mostramos que operar os robôs é tão simples e corriqueiro como usar o celular. O que muda (e bastante) é a forma de gerir a fazenda, e não só na ordenha. Como toda inovação, deve haver mudança de hábitos e processos, mas são mudanças para simplificar e ganhar eficiência e bem-estar dos animais e das pessoas” garante.

É justamente sobre a preocupação com o bem-estar animal que Ellen Biersteker colabora como ponto alto da robotização. Ao lado do marido Nico Biersteker, a gestora da Fazenda Lagoa Dourada, de Arapoti (PR), exalta que querem produzir sim, cada vez mais, mas com vacas felizes.

“O fato da vaca ter autonomia nos fez aderir ao sistema robotizado. Com ele, a intervenção humana com o gado é baixíssima, todo o software já nos orienta sobre o que precisa ser manejado, isso auxilia tanto na quantidade de colaboradores da fazenda, como no trato diário para os animais, diminuindo fatores de estresse que também impactam diretamente na produtividade”, diz adicionando que essa é uma das grandes dúvidas dos produtores que chegam à fazenda para conhecer o sistema: utilização de mão de obra.

“Alguns temem sobre a mudança de quadro de funcionários, acreditando que seria necessário investir em profissionais mais qualificados para manejar o robô, isso é mito. Assim como alguns acreditam que seu sistema produtivo seria incompatível com a máquina, o que também não é verdade. Por isso as visitas técnicas são interessantes, porque desmitificam esses medos que não existem na prática”, descreve Biersteker destacando inclusive a redução da mão de obra, trazendo eficiência com um RH enxuto. Para se ter ideia, a propriedade com 360 vacas em lactação conta com 10 funcionários. Ou seja, são 750 animais – leite e demais – orientados por esse pequeno número de colaboradores, trabalhando em sua maioria em horário comercial, com o auxílio fundamental da robótica para obter tamanho resultado.

Outro fator diferenciado da ordenha robotizada é em relação a animais enfermos, justamente devido a tecnologia “prever” alguma doença, quando os animais começam a se comportar fora do padrão. Além disso, os relatórios são extremamente específicos auxiliando identificar especificidades do trato como vacas atrasadas, datas de melhor inseminação e outros dados produtivos para a fazenda. “Esse é um dos fatos que mais surpreendem os produtores, o volume de informações. Dados sobre qual vaca deve ser ordenhada, identificação, tudo isso chama atenção justamente por ter um impacto de produtividade direto na fazenda”, comenta Nico Biersteker.

De acordo com Ellen, ainda nesse sentido de entender o que não é dito pelos animais, o fator mastite também é muito bem avaliado pelo robô, enfermidade que ainda é um grande obstáculo das produções. Como todas as vacas são identificadas pelo sistema, ao entrar no robô durante a ordenha é realizada uma análise de indicadores de qualidade como condutividade elétrica, cor e temperatura, emitindo um relatório imediato de saúde do úbere. Identificando alterações relacionadas a última ordenha naquele quarto mamário.

Com uma produção que começou do zero e hoje possui um rebanho de 360 animais na propriedade, 100% gado Jersey, a produtora conta que a robotização não auxiliou somente na ordenha, mas se transformou em um conceito de produtividade que se estende por toda a mentalidade da gestão. A propriedade também conta com práticas que visam o bem-estar – como compost barn –, sustentabilidade – com separação total de dejetos –, rotação de culturas – mantendo os índices de qualidade do solo –, e redução de uso de antibióticos, graças ao auxílio da tecnologia com identificação de entrada dos mais adequados protocolos de sanidade.

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