O uso de agrotóxicos sempre está em voga como fonte de grandes controversas.
Isso se deve as discussões com relação aos ganhos de produtividade em todos os segmentos do agronegócio, e aos pacotes tecnológicos utilizados para obter esses resultados.
Tanto que em 2019, com a elaboração e aprovação do pacote veneno, o qual está atrelado a PL 6.299/02 e revoga a então lei dos agrotóxicos, deu-se início a muitas especulações sobre a criação de novos produtos.
O que contribui para o aumento de informações distorcidas do que realmente tal pacote estaria permitindo.
Desta forma, acredita-se que é de grande relevância pontuar sobre alguns aspectos a fim de entender a mesma:
Primeiro aspecto: números de agrotóxicos novos – desde janeiro de 2019, o Brasil consentiu a liberação de 262 agrotóxicos, porém, isso não representa novos produtos, mas sim novas fórmulas de elementos que podem vir a ser usadas nos cultivos;
Sim, o Agro é TUDO!
Segundo aspecto: local de utilização dos 262 novos agrotóxicos, 134 foram liberados para serem utilizados em indústrias, ou seja, não serão usados na agricultura e nem na pecuária;
Terceiro aspecto: reformulações – deu-se também a liberação de versões genéricas de 126 agrotóxicos já existentes e utilizados junto à agricultura;
Quarto aspecto: produtos novos – dos 262 agrotóxicos liberados destinados à agricultura, temos apenas 6 fórmulas novas.
Portanto, ainda se considera importante ressaltar que entre as alegações para o desenvolvimento e reelaboração destes agrotóxicos, estão a busca de reduzir custos de aquisição por parte dos produtores.
Bem como para permitir adequação ao uso dos mesmos e em alguns casos, para substituir o uso de alguns já existentes.
No entanto, é sempre válido lembrar que muito se especula sobre a quantidade de agrotóxico utilizado pelo Brasil.
Por fim, conforme dados da FAO (2016), o País ocupava a posição 44º no ranking dos usuários globais de agrotóxicos.
Esse dado representou no ano, o uso aproximadamente de 4,3 quilos de agrotóxicos por hectares.
O que é pouco, se pensarmos que o Brasil é um dos maiores produtores de commodities e alimentos do mundo em termos de quantidade unitária e por produtividade.
Ana Paula Alf Lima Ferreira
Graduada em Administração pela UNICRUZ, Mestre em Administração pela UFSM, Doutoranda em Agronegócio pela UFRGS e Professora do Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos.