Erupções solares alteram o campo magnético da terra e dificultam o envio de sinais de satélite
A Agricultura 4.0 é um processo recente que modernizou o setor agrícola a partir da conectividade, digitalização e melhorias de processos nos manejos das lavouras. Esse movimento possibilitou que a produção brasileira aumentasse sem a necessidade de abertura de novas áreas e permitiu que a logística das máquinas agrícolas nas propriedades fosse mais racional.
Para esses avanços, também foi fundamental o aprimoramento de tecnologias de telecomunicação, principalmente de sistemas de georreferenciamento via satélite, que contribuem com a automação de uma série de operações na lavoura. Mesmo com esses avanços, a mecanização automatizada ainda está está suscetível a fenômenos cósmicos que desafiam a conectividade das coisas.
Como os sinais de satélite precisam atravessar as diversas camadas que compõem a atmosfera, as informações enviadas por esses equipamentos passam por degradações e desvios naturais até chegarem ao ponto de recepção. Quando há cintilação ionosférica, um fenômeno decorrente das energias liberadas pelas erupções solares, as irregularidades nessas barreiras aumentam.
Ao analisar os ciclos de energia dessas erupções ao longo dos séculos, é possível observar que existem períodos de alta volatilidade e outros mais estáveis. Nos anos mais recentes, a partir de 2020, as movimentações solares aumentaram. Pela sua brevidade da aplicação na agricultura, é difícil afirmar como os equipamentos de precisão irão se comportar ante essas variações energéticas. Por outro lado, a partir de experiências em outros setores, foi possível criar soluções capazes de suprir possíveis falhas que ocorram ao longo dos próximos anos.
Por exemplo, existem constelações de satélites específicas, que enviam, em maior ou menor precisão, as informações que fazem com que os sistemas de georreferenciamento funcionem. Esse grande grupo é chamado de GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite), e uma de suas constelações mais famosas é o GPS (Sistema de Posicionamento Global), embora existam outras que desempenham a função de geoposicionamento.
Essa diversificação de precisão de sinais é possível e virtude do desenvolvimento de algoritmos que aliados à outros sistemas de monitoramento, permitem a continuidade dos manejos agrícolas em caso de queda na frequência. Com essa diversificação de sinais, a possibilidade de uma interrupção é baixa.
A partir disso, é necessário relembrar um conceito base para que haja comunicação: toda emissão precisa ser recepcionada por equipamentos que interpretem os dados para que funcionem em softwares e dispositivos eletrônicos. Assim, existe um elemento que é amplamente utilizado para aumentar a precisão dos trabalhos no campo, que é o sistema RTK (Posicionamento Cinemático em Tempo Real).
Essa tecnologia consiste de antenas e bases de tratamento instalados em locais próximos aos locais de trabalho e atuam como um elemento extra que captam os sinais dos satélites, e que por estarem em locais fixos e conhecidos, trabalham ajudando na precisão do posicionamento e repetibilidade. Isso significa que, uma vez que um determinado talhão esteja mapeado e georreferenciado, todas as operações automatizadas feitas nesse local respeitarão as mesmas linhas de trabalho, com deslocamentos quase nulos entre um manejo e outro. Por isso é necessário ressaltar a importância desse planejamento prévio da área que será trabalhada, pois quanto mais precisas forem as medições realizadas pelos agricultores, maior será a eficiência nas operações inteligentes. No entanto, no caso da cintilação, o sistema RTK é um dos elementos que mais sofre interferência, pois a base estacionaria recebe a distorção da cintilação e replica as distorções para a para a máquina.
Dessa forma para mitigar o impacto da Cintilação existem duas soluções em potenciais para atender as exigências e necessidades dos diferentes tipos de agricultores e suas respectivas operações. No caso do agricultor que necessita do sistema RTK, é possível adicionar a solução de backup RTK Assist PRO, o qual atuará como um sistema de correção via satélite sem a interação das bases fixas do RTK, para o período de maior incidência da Cintilação; ou no caso dos agricultores que optam por sinais de correção TerraStar, o ideal será utilizar o nível de correção com maior precisão, TerraStar C PRO, e que além disso entrega a melhor alternativa para minimizar as variações durante os períodos críticos da cintilação.
Para facilitar e incentivar esse alto desempenho, todas as máquinas da Fendt saem de fábrica com sistemas de agricultura de precisão embarcados, que executam operações utilizando o piloto automático Fendt VARIO GUIDE, o qual trabalha com sistema de posicionamento TerraStar com vários recursos para mitigar o problema da cintilação. Essa e todas as demais soluções da marca fazem parte de uma única plataforma chamada FendtOne, que já está presente nas cabines dos equipamentos. Por meio da geração de dados, alertas, comparativos de eficiência operacional e mapas de trabalho, essa ferramenta é uma importante aliada para o planejamento dos agricultores.
Por ser uma tecnologia que possui uma concepção robusta, a FendtOne passa por constantes atualizações. Essas novidades são acompanhadas e possuem o suporte dos concessionários e especialistas da empresa. Tendo essa proximidade como principal fundamento, a autonomia da mecanização atinge um alto nível de excelência mesmo diante de desafios que vão além das lavouras, como no caso das cintilações e em possíveis perdas de conectividade.
Por Elizeu dos Santos, Coordenador de Marketing de Produto Agricultura de Precisão Fendt e Valtra.