Com a colheita da soja no Brasil, o acirrado debate sobre os números da produção começa a se acalmar, mas um novo debate começa a esquentar: o do milho. Confira análise da hEDGEpoint Global Markets.
“Como sempre, gostamos de começar dando um número, e o deste mês é 119,1M ton (contra 121,5M ton em fevereiro). Essa é a produção total de milho que estimamos para o Brasil em 23/24. Agora vamos às explicações. O primeiro fator importante que deve ser considerado é que o Brasil está terminando o plantio de milho de inverno, que representa a maior parte da produção do país. Por isso, ainda há debate sobre a área. Os números da Conab apontam para uma forte redução na área plantada devido às margens mais baixas e à perda da janela de plantio – a agência projeta a safra em 113,7M ton, similar a produção 21/22”, explica Pedro Schicchi, analista de Grãos & Oleaginosas da hEDGEpoint.
“Embora o cenário de margens ruins tenha se mantido, a perda da janela de plantio não aconteceu. Dessa forma, ainda acreditamos que a redução da área plantada pode ser menor do que a esperada inicialmente”, acredita.
Fenologia
As preocupações iniciais sobre atrasos na safra de milho de inverno derivaram do atraso na segunda metade da janela de plantio da soja.
“Recapitulando, o milho de inverno no Brasil é uma cultura sensível à janela porque o inverno no Brasil coincide com os meses mais secos. Dessa forma, há o risco de menos chuvas e de geadas nos estados mais ao sul”, diz.
Como mencionado anteriormente, as preocupações iniciais não se concretizaram.
“Em primeiro lugar, porque um dos estados que teve o plantio de soja atrasado foi o Rio Grande do Sul, que não tem uma safra de milho de inverno. Em segundo lugar, porque de acordo com rumores do campo o verão curto e seco no Brasil encurtou o ciclo da soja”, observa o analista.
E prossegue: “Em termos de desenvolvimento, o país atingiu mais de 90% da área plantada pretendida e, portanto, está nos estágios iniciais de desenvolvimento das lavouras”.
Clima
As condições climáticas atuais são variadas. Por um lado, a umidade do solo foi esgotada pelo verão quente e seco mencionado acima. As previsões meteorológicas de longo prazo também não são boas. O modelo CFS da NOAA, que projeta períodos de três meses, mostra precipitação abaixo do normal e temperaturas acima da média para a janela de abril a junho.
Por outro lado, as previsões meteorológicas de curto prazo estão apontando para uma boa combinação: maior precipitação e temperaturas mais frias. De qualquer forma, os forecasts podem ser tão voláteis quanto os preços, portanto, devemos considerá-los com cautela. Especialmente neste início de safra.
“Como a safra está apenas começando, o NDVI neste momento pode não nos dizer muito, e considerá-lo como um indicador tão cedo pode ser enganoso. Ainda assim, na maioria das regiões, ele está próximo da média, e temos que observar como ele evoluirá diante desse cenário de clima misto. Por enquanto, prevemos uma produtividade nacional em níveis bons (5.53 ton/ha), porém conservadoramente – em 22/23 a produtividade foi de 5.92 ton/ha”, pondera.
Em resumo, na opinião da hEDGEpoint, a produção de milho no Brasil certamente será menor do que a do ano passado, projetamos uma safra de 119.M ton, contra quase 132M ton no ciclo passado.
“Entretanto, a extensão da queda está sendo debatida, com um amplo range de estimativas. Atualmente, acreditamos que o corte na área cultivada pode não ser tão grande quanto se pensava, e que o clima ainda parece muito misto para que se tenha certeza de que os resultados serão tanto bons quanto ruins demais”, conclui.
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